Por Queison Souza Alves
O Maroon 5, com seu álbum de estréia, o impecável “Songs About Jane” (2002), incorporou novos elementos ao Rock/Pop, que logo atrairiam os olhares mais atentos ao grupo de Adam Levine, justamente por apresentar nuances que os diferenciavam das produções que permeavam o cenário naquele ano.
Ao flertar com o soul, guitarras ritmadas, com melodias dinâmicas que beiravam o funk e adicionando o pop como base de suas composições líricas, a banda obteve êxito justamente por enquadrar tantos predicados de forma correta em composições extremamente originais. “This Love” e “Sunday Morning”, carros-chefe do debut, possuíam uma singularidade nas canções que colocariam o Maroon 5 na rota do sucesso radiofônico.
Sem decepcionar, “It Wont Be Soon Before Long”, segundo disco de inéditas da banda, apareceu em 2007, com os megahits, “Makes Me Wonder” e “Wake Up Call”, mostrando que os caras de Los Angeles estavam prontos para continuar a fama que o grupo conquistou. Ainda que seguindo a linha anteriormente mostrada em “Jane”, “It Wont Be Soon” apresenta uma leve mudança na sonoridade. Se antes, o Maroon 5 tinha os pés no pop cerebral, aqui eles entregam um álbum frenético para as pistas, dançante e linear na medida em que avançavam para serem os melhores neste segmento.
“Hands All Over”, de 2010, mesmo na marcha lenta, apresentando canções mais focadas no romantismo, ainda contava com os resquícios cerebrais e joviais dos trabalhos anteriores.
Em “Overexposed” (2012), o Maroon 5 abriu mão das guitarras e jogou todas as fichas em músicas feitas para as pistas, somadas a um pop extremamente comercial e, principalmente, buscando atingir um público que, se ainda não seguiam os Californianos, provavelmente estariam destinados a fazê-lo. Entretanto, afastou boa parte dos fâs que o acompanhavam e torceram o nariz para a nova proposta.
No novo álbum, “V” (2014), o grupo parece ter tido a preocupação de retomar o peso que um dia representou na música pop, com originalidade e objetividade, sem apelação sonora, mas trouxe uma sonoridade que, anima, mas não supera, nem atinge expectativas.
A realidade do Maroon 5 parece estar fincada em canções que estejam destinadas ao grande público, que consome músicas descartáveis, sem intenções de envolvimento com melodias e nuances líricas, mas com sensações momentâneas. “Maps”, “It Was Always You”, “Unkiss Me”, e a fraquíssima (talvez a pior música da carreira da banda), “New Love”, denotam a pouca inspiração que o grupo atravessa, em músicas que poderiam ser facilmente encontradas em b-sides do álbum anterior.
Para dar alguma esperança aos fãs mais fervorosos, “Animals”, “Sugar”, “Feelings” e a ótima “In Your Pocket”, trazem lembranças boas de épocas memoráveis e salvam o lançamento do marasmo. Flertando com baladas sem destaque, o fim de “V” não anda com as próprias pernas.
Se num contexto geral, “V” supera o seu antecessor por trazer, ainda que timidamente, características que colocaram a banda em evidência há 12 anos atrás, ainda assim fica a impressão que o Maroon 5 pode ter perdido o fôlego na carreira e talvez, seu vocalista e líder, precise de mais tempo para entender e encontrar toda a inteligência pop que a banda insiste em desperdiçar com lançamentos sem relevância.