Arnaldo Antunes ocupa hoje lugar cativo entre os maiores artistas da música popular brasileira. Com coragem, Arnaldo encarou nesses seus trinta anos de carreira – data motivadora do lançamento de seu acústico MTV – todo o tipo de experiência, participando de bandas, realizando diversas parcerias, atuando como escritor, apresentador, entre outras incursões nas mais diversas modalidades de facetas culturais.

Musicalmente falando, Arnaldo também experimentou diversas sonoridades, desde os ininteligíveis álbuns do início da carreira solo, até surfar em realizações mais Pop como apresentadas em álbuns como “Paradeiro” (2001) e “Iê, Iê, Iê” (2009).

Neste Aústico MTV, Arnaldo cerca-se de uma fabulosa banda, composta por Curumim, Marcelo Jeneci , Edgard Scandurra, Chico Salém e Betão Aguiar, e como convidados especiais ainda participam Liminha, Nina Becker e Moreno Veloso, criando nesse lançamento uma riqueza sonora impressionante.

Talvez esse seja exatamente o ponto mais questionável desse belo trabalho, tudo aqui transborda, até mesmo a perfeição. O excesso de informações pode deixar o ouvinte (ou telespectador) um pouco confuso em relação a tudo o que rola ao mesmo tempo no palco. Lançamentos anteriores, como o magnífico “Ao Vivo Lá Em Casa” (2010) e o CD “Iê, Iê, Iê”, contrastam com a beleza e a formatação desse acústico produzido por Liminha.

Por outro lado, alguns momentos não sofrem desse excesso e são bons demais. Nesse conjunto estão o primeiro single do lançamento “A Casa é Sua”, “Sem Você”, além do set final, que passeia por canções dos Titãs e pelos hits “Fora de Si”, “Música Para Ouvir” e o novo clássico “Envelhecer”.

Passando por todas as fases do cantor, o disco também dá voz a canções que Arnaldo escreveu para outros artistas, casos de “Alma” (gravada por Zélia Duncan) e “De Mais Ninguém” (gravada por Marisa Monte), além de apresentar duas novas canções “Dentro de Um Sonho” (Arnaldo Antunes - Marcia Xavier) e Ligado a Você (Arnaldo Antunes - Liminha - Paulo Miklos).

Saldo mais que positivo, esse acústico revela ao público um Arnaldo mais comedido – quem está acostumado com os seus shows sabe o que isso quer dizer -, mas igualmente brilhante, gozando de sua grande polivalência artística, em um repertório rico e de extremo bom gosto.