Por Tiago Meneses
O que ainda se pode dizer sobre esse álbum superlativo? Visto como referência da cultura rock desde o seu lançamento, sua perfeição é constantemente trazida de volta à tona para medir impiedosamente a qualidade de infinitas bandas e álbuns de prog rock contra ele. Ainda hoje continua a ser referência até mesmo em lojas de Hi-Fi estéreo. Este é também o álbum que irá impulsionar a fama relativamente pequena da banda até então em círculos de contracultura para o estrelato internacional e empurrar a indústria do rock para novas alturas, não só nas expectativas de vendas, mas também em sofisticação técnica tanto no estúdio e em turnê, tanto em termos de progresso sonoro, bem como os aspectos visuais.
O próprio quarteto começou a perceber que eles estavam trabalhando em algo que seria muito especial e ligado ao sucesso, mas ainda assim, claro que jamais imaginariam que chegariam onde chegaram. A gênese do álbum não foi tão trabalhosa quanto o esperado, pois a banda pegou algumas ideias antigas e as retrabalhou. Brain Damage, por exemplo, foi escrita na época de Meddle e a ideia básica de Us And Them tinha sido rejeitada por Antonioni para a trilha sonora de Zabriskie Point. Enquanto a maior parte do que se encontra no álbum foi testada durante o início da turnê de 1972, o disco finalmente veria seu lançamento no primeiro dia março de 1973.
Pink Floyd nunca foi uma banda de músicos virtuosos, mas todos eles sempre souberam tirar o máximo de seus instrumentos e também da tecnologia a sua disposição pra não serem visto apenas como mais um grupo de Space Rock com incursões progressivas. Trata-se de uma banda que sempre quis ir muito além de expectativas criadas e o seu ápice nesse seguimento está exatamente em Dark Side of the Moon
Mesmo décadas depois do seu lançamento, Dark Side of the Moon ainda impressiona pela produção do mestre Alan Parsons que foi transformando as ideias experimentais da banda em canções produzidas de forma soberbamente sofisticada e pelo clima cadenciado por sons de atmosfera única, fazendo do álbum praticamente uma espécie de filme para os ouvidos, tamanha busca de interação entre trabalho musical e ouvinte.
Dark Side of the Moon ilustra perfeitamente o que é uma banda agir como banda, sem estrelismo de nenhum dos membros que pudesse atrapalhar o desenvolvimento, e obviamente, o resultado final da obra. É sem dúvida um dos exemplos mais clássicos de química perfeita na mistura de vários elementos em um único disco. Musicalmente e liricamente hipnotizante, Dark Side of the Moon não é apenas um álbum pra simplesmente ouvir enquanto bate um papo com amigo, fuça no computador ou usar de pano de fundo diante de situações que vão fazer com que as atenções ao mesmo sejam divididas. É uma obra que faixa a faixa faz com que pensemos sobre nossas vidas de um modo geral, acerca de situações como as das dificuldades em fazer escolhas, escravidão do homem diante do tempo, o dinheiro e suas falsas felicidades e ilusões e a correria do mundo no seu dia a dia.
Dark Side of the Moon fez com que o popular abraçasse o experimental, colocou o Rock Progressivo onde ele jamais esteve, influenciou e influencia inúmeras bandas e marcou pra sempre a maneira de fazer música. Aquele disco gravado em 1973, até hoje segue atemporal, seja pelo seu conceito o qual inclusive segue mais atual do que nunca, seja pela produção e ideias que estavam muito a frente do seu tempo. Uma das obras mais significativas do século passado.