Por Tiago Meneses
Sempre digo que por mais que eu tenha uma verdadeira paixão por várias bandas de rock progressivo, somente duas conseguiram a proeza de lançar 8 álbuns seguidos que podemos chamar de ótimos ou ao menos bons. Uma é a "Van Der Graaf Generator", e a outra é o "Gentle Giant", essa segunda de maneira mais impressionante ainda, pois precisou de somente 6 anos pra conseguir uma sequência tão matadora.
Entre tantas pérolas lançadas em tão pouco tempo, existe aquela que brilha mais do que as outras na visão desse que vos escreve e se chama "The Power and the Glory". Um verdadeiro petardo e aula de uma banda trabalhando como banda. Não existe um destaque senão o trabalho como um todo.
O álbum começa de maneira no mínimo fantástica. "Proclamation" tem uma grande melodia e uma composição relativamente complexa. Tem o início com um som de órgão executado de forma discreta, seguido pela voz única de Derek Shulman e uma linha de baixo muito bem cadenciada pelo seu irmão Ray Shulman. Uma abertura que define perfeitamente bem o tom geral da faixa. Gosto bastante também da maneira como Derek a canta. Tem uma grande mistura entre tons altos e baixos. A música flui bem com teclados e baixo fazendo o papel principal. O álbum não poderia começar melhor.
A segunda faixa tem uma maneira bem discreta de fluir, com uma influência significativa de música de vanguarda. Desta vez, quem domina a canção é o violino e violoncelo, com alguns preenchimentos de guitarra e piano. Um dos momentos mais interessantes da faixa é quando é cantado, "So Sin-Cere"...dá pra perceber que todos os instrumentos são tocados em multi direções, mas eles ainda assim eles mantem toda a harmonia global. Uma composição brilhante. Mesmo que não seja vista com bons olhos por muitos fãs da banda, eu gosto bastante do resultado final obtido aqui.
A terceira faixa, "Aspirations", tem um estilo balada, mas construído na veia prog. É uma ótima música, relativamente suave com o som do teclado. Destaque também novamente na maneira do Derek cantar. É uma faixa de letra bastante positiva, de frases como, "quando a poeira baixar, veremos todos os nossos sonhos se tornando realidade". Ótimo trabalho.
"Playing the Game" é realmente um progressivo da gema, falando a grosso modo, desde os seus vocais. Ela tem todos os elementos que a música típica prog sempre teve: dinâmica, relativamente complexa e mudanças de tempos incomuns. Mais uma vez, trata-se de uma faixa que que tem como abertura um som de teclado estranho, mas acompanhada por uma brilhante linha de baixo. Falando nele, sempre que eu escuto essa música eu percebo o quão dinâmico é tocado o baixo ao longo de todo os segmentos desta faixa. Tem um ritmo relativamente otimista com algumas quebras agradáveis. Pra variar, um excelente trabalho.
A quinta faixa, "Cogs in Cogs", é outra excelente trilha com uma intro onde todos os instrumentos são tocados simultaneamente e seguido pelo estilo único de Derek cantar. Como é de costume, aqui também encontra-se uma grande variedade de andamentos, mas sendo executados sempre de maneira magistral pela banda, nunca se perdendo.
No God's a Man" é uma faixa melódica podendo ser equiparada até em algo na veia de "Aspirations", mas é um trabalho mais complexo. Grandes solos de teclados e clavinete, guitarra. Não tem muito o que se falar sobre essa canção, alem claro, de não retificar que trata-se de mais uma bela música.
"The Face" é uma faixa inspiradora com grande harmonia preenchida através de violino, violoncelo e violão, sendo todos tocados de maneira extremamente habilidosa por Ray Shulman. Aqui quem lidera os vocais é Kerry Minnear. Pouco mais de quatro minutos de puro swing e musicalidade que é um verdadeiro deleite.
"Valedictory" é um prog rock direto fortemente influenciado pela música de hard rock, abre com um solo de bateria e guitarra. A música, então, flui bem quando é adicionado a linha vocal. Desta vez, a voz é realizada num tom alto e novamente com um excelente desempenho vocal de Derek Shulman.
Sem dúvida mais um disco essencial dentro do universo progressivo.