Por Anderson Nascimento
Cauby sempre foi um artista trabalhador, gostava de estar nos palcos e de gravar discos. Mas é sempre bom ressaltar a intensidade do artista em seus últimos anos de vida, quando gravou diversos discos temáticos, onde interpretou artistas como Roberto Carlos, Frank Sinatra e Nat King Cole, dentre outros.
Pouco antes de sua morte, Cauby expressara ao seu produtor Thiago Marques Luiz, que cuidou da carreira de Cauby em seus dez últimos anos de vida, o seu desejo de gravar um disco com canções de um de seus ídolos, o cantor Dick Farney.
Cauby, que vinha da divulgação de seu disco “A Bossa de Cauby” (2015), precisou de apenas um dia, para colocar a voz nas dez canções que compõem seu último álbum, que o artista deixou gravado, mas que não teve tempo de vê-lo finalizado, pois infelizmente veio a falecer em 15 de maio do ano passado.
Bate saudade quando o disco começa a tocar com a sua voz à capela em “Meu Rio de Janeiro” (Nelson Trigueiro, Oscar Belandi), e emociona ouvir a voz do cantor deslizar por cada nota da música, tocada de maneira luxuosa pela banda formada por Hanilton Messias, Eric Budney, Nahame Casseb, Ronaldo Rayol e Rafael Clarim.
As canções, gravadas em março de 2016, flagram um artista que não perdeu a beleza de sua voz, e o poder de suas interpretações, mesmo aos 85 anos de idade. Fica evidente a maestria do artista em canções como a clássica “Copacabana” (Alberto Ribeiro, João de Barro) e a eternamente tenra “A Saudade Mata a Gente” (Antônio Almeida, João de Barro), mas o disco emplaca diversos momentos fabulosos, como “Uma Loira” (Hervê Cordovil) e “Marina” (Dorival Caymmi), por exemplo.
Com dezenas de discos gravados, Cauby nos presenteou com mais um pouquinho de sua voz nesse seu primeiro álbum póstumo, feito para se ouvir com atenção, carinho e muita saudade.