Em fevereiro de 1985 Roberto Carlos lançava o seu último EP, ou compacto duplo, como era chamado no Brasil, trazendo as canções “Caminhoneiro” e “Sabores” no lado A, enquanto “Aleluia” e “Cartas de Amor” preenchiam o lado B. Quem poderia imaginar que, 27 anos depois desse marco, o Rei estaria novamente lançando um disco desse tipo?
O EP é um formato ainda muito comum fora do Brasil, apresentando normalmente quatro músicas, podendo se estender a seis faixas, embora não exista um padrão fixo de definição para o número de músicas. Normalmente o artista usa o disquinho para apresentar canções não aproveitadas nos álbuns, regravações de outros artistas, gravações alternativas e, claro, o single que o mesmo deseja promover. Um exemplo recente foi a inclusão exclusiva da cover “I Started a Joke”, música dos Bee Gees, no novo EP da dupla Pet Shop Boys.
A grande sacada deste novo lançamento de Roberto Carlos foi trazer quatro faixas de Roberto Carlos formando um contexto, nesse caso, a participação das quatro em trilhas sonoras de novelas globais.
O disco traz duas canções inéditas, “Esse Cara Sou Eu” e “Furdúncio”, ambas da novela “Salve Jorge”, uma inédita em discos do Roberto, “A Mulher Que Eu amo”, e uma quarta faixa, mais antiga, “A Volta”, que participou, com muito sucesso, da novela “América” e do álbum de 2005 do Roberto.
Há muito que se falar das novas faixas. Principalmente de “Furdúncio”, composição feita a quatro mãos com Erasmo Carlos. A canção em questão agrega uma sonoridade incrivelmente moderna, trazendo os arranjos feitos pelo DJ Batutinha que acabam ajudando a rejuvenescer a voz (e a música) de Roberto, além disso, é possível identificar só em ouvir (e acompanhar a letra) que a mesma canção é o resultado da sempre interessante parceria com Erasmo.
“Esse Cara Sou Eu”, abusa do talento de Roberto em escrever lindas canções de amor. Apesar de ser o oposto de “Furdúncio” em termos de melodia e intenções, há uma incrível diferença entre a canção e as que compõem os cada vez mais escassos trabalhos mais recentes do Rei. É fácil entender isso simplesmente comparando o novo sucesso de Roberto com “A Mulher Que Eu Amo”, faixa de 2009 baseada em piano e de levada extremamente triste, como boa parte de seus trabalhos trouxeram no início da década passada. Tudo isso representa um avanço que, tenho certeza, todos gostariam de ver em seu tão esperado novo disco.
Muito embora sejam apenas quatro músicas, Roberto continua dando provas de seu talento e ajeitando a coroa em sua cabeça, mesmo sem precisar provar nada pra ninguém.