Por Felipe Lucena
"Bebendo Vinho" é uma das canções mais famosas de Wander Wildner, o brega punk. Seu mais recente álbum, lançado este ano, “De Gritar Me Cansei Rouco e ao Pensar no Mundo eu Me Vi Louco”, tem muito a ver com a música gravada pelo Ira!. É um disco para mergulhar em uma embriagante viagem. Wander, como um bom vinho, melhora com o tempo.
Após uma sequência de excelentes trabalhos, Wander Wildner, novamente, não decepcionou. Um disco com composições profundas, apesar de pouca sofisticação sonora, letras para ouvir várias vezes e instrumental convidativo, envolvente.
Destaque para a lírica de "Canivetes, Corações e Despedidas", poesia ébria. "Devolve" é a belíssima brega que fala de uma separação conjugal.
A veia punk, crítica, não ficou de fora. Algumas doses dessas são brindadas em "De Gritar Me Cansei Rouco e ao Pensar no Mundo eu Me Vi Louco". "Boliviano", que fala da presença de imigrantes no Brasil é uma delas. “O mundo sem Joey”, que fecha o disco, é clara referência ao estilo musical.
"Ladrão de Automóveis e Motocicletas", que tem o título quase autoexplicativo, fala de como o consumo vira a cabeça de muitas pessoas, que perdem o rumo por isso.
No geral, este mais recente trabalho de Wildner soa doce, porém, com acidez precisa. A garrafa é funda e fácil de consumir. Saborosa.
É disco para se entorpecer bebendo qualquer coisa. Ou até mesmo sóbrio. Certo mesmo é o ótimo envelhecimento de Wander Wildener, na contramão do mundo, que costuma envelhecer mal e amargar as doses na vida.