Por Valdir Junior
Imaginem um restrito clube de cavalheiros, localizado nas dependências de uns dos bares mais agitados da noite de Los Angeles, o “The Rainbow Bar & Grill”. Um clube onde seus membros, todos eles da nata do Rock and Roll da época, se encontravam para conversar, extravasar e beberem até não aguentarem mais. Nas internas os membros se auto intitularam “The Hollywood Vampires”.
As histórias que aconteceram nessas noites, em sua maioria impublicáveis, tem como personagens, Bernie Taupin, Harry Nilsson, Micky Dolenz (The Monkees), John Lennon, Ringo Starr, Keith Moon (The Who), Marc Bolan, Jim Morrison, Jimi Hendrix entre outros, e a máxima “Sexo, Drogas e Rock and Roll” era o lema vigente entre esses cavalheiros.
Há três anos, Alice Cooper, um dos membros do clube, e o ator Johnny Deep, resolveram reviver o espírito de festa e empolgação daqueles tempos. Joe Perry (Aerosmith) se juntou a eles e juntos montaram uma banda em tributo aos amigos que se foram. Assim nasceu o The Hollywood Vampires, a banda.
Com a produção de Bob Ezri, Alice Cooper assumindo os vocais, Perry e Deep nas guitarras, a banda passou os últimos dois anos gravando as faixas, em sua maioria covers e sucessos de seus velhos amigos. Para completar a banda foram convocados novos “vampires”, uma lista de superstars como: Perry Farrell, Dave Grohl, Paul McCartney, Joe Walsh, Slash, Robbie Krieger, Zak Starkey, Brian Johnson, Kip Winger, e Abe Laboriel, Jr.
O resultado dessa empreitada foi lançado agora em setembro de 2015, o autointitulado primeiro CD dos Hollywood Vampires. O álbum tem somente duas musicas inéditas. "Raise the Dead" e "My Dead Drunk Friends" compostas por Johnny Depp, Alice Cooper e Bob Ezrin, ambas exaltam e evocam os velhos tempos. "The Last Vampire", a faixa que abre o álbum, traz o ator Christopher Lee, em uma de suas ultima aparições, lendo um trecho de “Dracula” de Bram Stoker, e acaba servindo de introdução, entrando bem no clima do CD.
O CD como um todo é um prato cheio para os roqueiros de plantão, as músicas selecionadas foram escolhidas a dedo e não caem na mesmice de um mero disco tributo. A banda injetou em cada uma das faixas, energia e vigor, não fugindo dos arranjos originais e, mesmo assim, colocando nas músicas interpretações com identidade e pegada só deles.
Entre as faixas que se destacam estão: “My Generation” (The Who); “Whole Lotta Love” (Led Zeppelin) com uma levada bem hard blues; “I Got A Line” (Spirit); “ Five to One/Break On Through” (The Doors); “Jeepster” (T.Rex); “Itchycoo Park” (Small Faces); “Cold Turkey” (John Lennon) e a cereja do bolo “Come And Get It” (Badfinger) com o próprio compositor, Paul McCartney, nos vocais, piano e baixo, numa versão bem pesada da musica, um deleite para os fãs do velho Macca.
Cooper, Deep e Perry saíram em turnê com álbum, chamaram Duff McKagan (baixo) e Matt Sorum (bateria), ambos ex-Guns’N’Roses, Bruce Witkin (teclados) e Tommy Henriksen (bateria) e, fizeram algumas apresentações nos Estados Unidos e também uma única apresentação aqui no Brasil no recente Rock In Rio 2015, fazendo um dos melhores shows do festival.
The Hollywood Vampires é uma das ótimas surpresas desse ano, seu som, cheio vontade e atitude, explora e ensina com propriedade as novas gerações que fazer Rock and Roll, é muito mais do que botar uma camisa descolada, segurar uma guitarra e fazer cara de bad boy. O que realmente importa nisso tudo é a musica e a maneira como ela estimula e alegra a vida de todos. Com esse tributo aos heróis que não mais estão entre nós, Alice Cooper, Johnny Deep e Joe Pery dão o bom exemplo a todos nós.