Por Anderson Nascimento
Uma das gratas surpresas musicais de 2011 foi, sem dúvida, este álbum alcunhado de Agridoce, mesmo nome do trabalho paralelo da cantora Pitty e do guitarrista Martin Mendonça.
Com sonoridade baseada em minimalismos e na música Folk, o disco rendeu pelo menos uma música que permanecerá sem prazo de validade na cabeça de todos aqueles que acompanham música. Trata-se da canção “Dançando”, música de melodia suave e deliciosa, que supera e ignora o fim do mundo em sua letra, em prol de um momento tenro e convidativo.
Baseado nos pianos tocados pela cantora Pitty e nos violões tocados por Martin, o grande barato desse álbum é que o mesmo foi concebido inicialmente por pura diversão, e acabou por se transformar em um dos grandes discos de 2011.
Um projeto paralelo só tem real sentido quando de fato consegue estabelecer fronteiras com o trabalho feito habitualmente pelo artista, e esse é o caso desse disco, uma antítese ao Rock feito pela cantora baiana e sua banda.
Em meio às canções no estilo Folk como “Say” e “Rainy”, que nos transmite uma gostosa sensação de Déjà Vú, ainda rolam baladas de grande impacto, como “Romeu”, um passeio em pesados acordes ao piano.
Em um repertório autoral, à exceção de “Please, Please, Let me Get What I Want”, canção relida do repertório da banda inglesa “The Smiths”, o disco tem canções em inglês, francês e, claro, português, o que reforça a independência filosófica do trabalho.
Alimentando ainda mais a áurea vintage do trabalho, o disco ainda ganhou uma belíssima versão em vinil cor de laranja, com capa diferente da edição em CD, um luxo à altura desse belo trabalho.