Por Anderson Nascimento
O Green Day acaba de lançar a coletânea “God’s Favorite Band”, uma compilação que traz 22 faixas que, em sua maioria, foram sucesso nas rádios do mundo todo. O disco compreende boa parte dos sucessos da banda, deixando obviamente vários outros de fora, além de não revisitar todos os álbuns do grupo.
Ao longo de sua carreira discográfica, que já se aproxima dos vinte anos, caso comecemos a contar a partir do lançamento de “39/Smooth”, álbum de 1990, a banda viveu altos e baixos, sendo os seus melhores momentos marcados pelos álbuns “Dookie” (1994) e “American Idiot” (2004).
Por outro lado, a banda também amargou anos de críticas pela mudança em seu som, pelos excessos de álbuns como “21st Century Breakdown” (2009), e da pouco produtiva trilogia “Uno, Dos, Tré" (2012/2013), que marcou também o quadro crítico na saúde de seu líder Billie Joe Armstrong, o que fatalmente prejudicou a divulgação dos discos.
Sintomaticamente a nova coletânea do grupo, segunda lançada oficialmente, traz apenas o single “Oh Love” (do “Uno”), dentre as 37 canções presentes na já citada trilogia, enquanto “21st Century Breakdown” contribui apenas com o explosivo Rock “Know Your Enemy” e a enfadonha “21 Guns”, que até hoje me irrita por seu refrão lembrar “All The Young Dudes” do David Bowie. Também corroborando com o que foi dito acima, “Dookie” e “American Idiot” colaboram juntos com 9 músicas, quase a metade do disco.
Outra questão interessante é observar que, enquanto o ótimo “Insomniac” (1995) foi subvalorizado, pois bizarramente apenas a faixa “Brain Stew” entrou na coletânea, o último álbum “Revolution Radio” (2016) teve três canções no disco, sendo uma delas a regravação de “Ordinary World” em parceria com a cantora country Miranda Lambert. Apesar do mais recente álbum de estúdio ser um bom disco, fica evidente a velha máxima da supervalorização do último trabalho.
Colecionadores comprarão essa nova coletânea, ouvintes esporádicos também podem aproveitar para dar um levante em sua discografia, caso não tenha os discos de carreira da banda. Mas é fato que esta coletânea carece de atrativos maiores para os que já possuem os álbuns, mas adoça um pouco a boca destes com a inédita “Back In Usa”, única inédita do disco.
Se você não ligar para nada disso, e quiser apenas ouvir Green Day, a coletânea vai funcionar muito bem, afinal de contas o Green Day segue relevante, principalmente agora, que o grupo tem investido em um som bem próximo do feito no início de sua carreira.