Resenha do Cd Arembi / Jorge Aílton

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AREMBI
JORGE AÍLTON
2018

LAB 344
Por Anderson Nascimento

Cantor e compositor carioca, Jorge Aílton chega ao seu terceiro disco mais à vontade do que nunca. Afinal de contas, os álbuns anteriores representaram a pavimentação de uma estrada que rumava em direção à sua casa, a Soul Music. Devidamente alojado em casa, Jorge exercita o seu inconsciente, dando vazão à sua criatividade e aos links que o direcionam aos artistas que o fizeram querer aprender música.

De acordo com Jorge, “Arembi” é o trabalho que ele sempre quis fazer, traz liberdade criativa, maturidade e abre parcerias importantes que ajudam a dar forma ao álbum. A faixa de abertura, que também dá nome ao disco, veio de uma brincadeira com o cantor Lulu Santos, com o qual o artista trabalhou cerca dez anos. “Arembi” é um aportuguesamento da sigla R&B, que nomeia o estilo protagonista do álbum, e que foi grafado desta maneiro por seu parceiro musical.

Além de Lulu, Jorge trabalhou também com nomes de peso como Sandra de Sá, Toni Garrido e Mart’nália. Segundo o artista, cada um deles ajudou um pouco nessa sua empreitada de protagonizar as suas próprias canções, muito embora a longevidade do trabalho com Lulu tenha proporcionado um pouco mais de influência nesse disco.

O CD traz diversos parceiros nas composições, cada um emprestando um pouco de suas especificidades às canções. Esse é o caso de Hyldon, que cria o personagem feminino do balanço “Caroço” (Jorge Aílton, Hyldon), personagem este que parece ter saído de um dos Churrascos do Seu Jorge.

Fernanda Abreu, rainha da batida Funk carioca, é coautora de “Deliciosamente” (Jorge Aílton, Fernanda Abreu, Alexandre Vaz), balada samba-soul que faz lembrar a Banda Black Rio. Já Ronaldo Bastos ajuda a criar o descanso no fim do dia com presença e a sensualidade de “Sansara” (Jorge Aílton, Ronaldo Bastos), com direito ao chiadinho do vinil e tudo. Vale acrescentar que este disco tem toda a pinta de LP, assunto que está em pauta, como afirmou o artista em entrevista ao Galeria Musical.

Algumas referências gringas são bem óbvias, Michael Jackson, Prince e Earth, Wind & Fire, destes o EWF é o que o artista trata com mais carinho, já que lhe remete à sua infância e aos tempos do Renascença, templo da Black Music no Rio de Janeiro, de onde Jorge pegava alguns discos emprestados e os ouvia até furar, ou sua mãe os esconder.

Cabe dizer que o trabalho, apesar de ter aura retrô, aponta para a modernidade de artistas como Bruno Mars ou Justin Timberlake. De acordo com o artista, esse caminho foi seguido naturalmente pelas canções, e pelas modernidades tecnológicas que por si só possibilitam o resultado final tão sofisticado do disco.

Dentre os vários momentos marcantes do álbum está “Isso Que Não Tem Nome” (Jorge Aílton), faixa que entrega o talento do artista, expondo o seu suingue, musicalidade e um talento vocal impressionante.

O disco ainda proporciona surpresas como “Não Necessariamente Nessa Ordem” (Jorge Aílton), que permite imaginar um fictício, mas delicioso encontro entre Gnarls Barkley e Lincoln Olivetti. Meio Rock, meio Pop, mas sobretudo um grande trunfo do álbum.

“O Início” começa imediatamente após a faixa anterior, com a missão de finalizar o disco e implicitamente abrir as portas do Brasil (e do mundo, por que não?) para o artista divulgar o seu mais novo rebento, um primoroso trabalho feito com carinho, emoção e, certamente, muito orgulho.

Jorge Aílton e seu “Arembi” juntos protagonizam uma das grandes surpresas sonoras deste ano de 2018. Agora, com as canções na cabeça, mal posso esperar para tê-las também no resto do corpo, para dançar, ao vivo.

Resenha Publicada em 19/07/2018





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