Por Anderson Nascimento
Passados quase dez anos do fim do Oasis, Liam Gallagher chega finalmente ao seu primeiro álbum inteiramente solo, embora em sua carreira pós-Oasis ele tenha lançado dois álbuns com o “Beady Eye”, grupo que reunia ex-membros de sua principal banda, e que durou cinco anos.
Seu debut vem 3 anos após Liam decretar o fim do “Beady Eye”, e não poderia iniciar melhor, a faixa que abre o trabalho é o explosivo single “Wall of Glass”, lançado no dia primeiro de junho deste ano.
Liam compôs quase todo o álbum, ora solo, ora com parceiros, apenas duas canções do novo disco não são de sua autoria, algo que confirma a evolução de Liam como compositor, notada desde os tempos de Oasis.
“As You Were” é um disco de canções, como mostra “Bold”, bela balada que inicia ao violão e vai crescendo conforme a sequência da canção, adornada por coros e backing vocals dignos de elogios.
“Greedy Soul” foi o terceiro single do disco, e segura a faceta roqueira do álbum, com alguma pegada Folk, e reminiscências do “Be Here Now” (1997), enquanto “You Better Run” já faz o papel de Rock nervoso, azeitado com grande produção.
“Paper Crown” é uma balada acústica em que se destaca a bela melodia, e juntamente com o single “Chinatown”, são as duas canções do disco não escritas por Liam. Vale citar a qualidade dos arranjos no álbum, incluindo faixas menores como “When I’m In Need” e canções com mais potencial como a ótima “Universal Gleam”.
Não acho exagero dizer que duas canções desse disco estão entre os melhores singles do ano. A primeira é a já citada faixa de abertura, a segunda é “For What It’s Worth”, canção grandiosa, deslumbrante, com ares Beatle, e que revela todo o talento do artista, incluindo a belíssima letra, onde Liam assume culpas, revela muito arrependimento, engole o orgulho e suplica por perdão.
O disco finaliza com a semi-psicodélica “I’ve All I Need”, mais uma canção que tem alguma atmosfera Beatle. O disco ainda rendeu outras faixas, como as três que estão na versão deluxe do CD.
Liam realmente mostra que o tempo lhe fez bem, com instrumental dosado e musicalmente equilibrado – nenhum instrumento impera sozinho -, boas letras, texturas que passeiam à vontade pelo Rock, mas que não se limitam ao estilo, e a bela voz de sempre, fazem deste disco um dos melhores lançamentos do ano e, obviamente o melhor trabalho feito por um Gallagher fora do Oasis.