Depois de lançar em 2012 o disco de inéditas, “A Revolta dos Ritmos”, e em paralelo a isso, comemorar os quarenta anos do disco “Acabou Chorare” ao lado do seu filho Davi Moraes, em uma turnê que atravessou o Brasil, Moraes Moreira participou da volta dos Novos Baianos em 2017, numa turnê que resultou o CD e DVD “Acabou Chorare – Novos Baianos se Encontram” de 2017. Agora, Moraes volta a suas raízes musicais no sertão nordestino, o cordel e o Baião de Luiz Gonzaga no álbum “Ser Tão”, um lançamento do selo Discobertas.

Produzido por Moraes e pelo músico Alexandre Meu Rei, que toca a viola caipira presente no álbum e também faz as programações, “Ser Tão” foi anunciado em fins de abril desse ano com o lançamento de um single digital “I'm the Captain of My Soul,” um blues country, com letra em português, inspirada no poema “Invictus”, do escritor inglês William Ernest Henley (1849 –1903). “Ser Tão” tem como direção a vontade de Moraes de fazer, como ele diz, sua passagem de cantor para contador, contando mais estórias ligadas ao povo e a realidade do que desfrutar do glamour de cantar.

Com apenas nove faixas, sonoramente “Ser Tão” prima pela simplicidade e pelo diálogo do violão de Moraes e da viola de Alexandre em harmonia com um texto enxuto que revisa o passar do tempo com um olhar para o futuro aos olhos do sertanejo nordestino. As faixas que mais se destacam e nos contagia na primeira audição do CD são “De Cantor Pra Cantador”, “Origens” e “Amor e Arte”. Mas as demais são irresistíveis também, como as cordelistas “O Nordestino Do Século” e “Alvorada dos Setenta” e “Sambadô / Deixa O Pé No Chão” que traz o Moraes mais perto do samba.

“Ser Tão” se configura no mínimo como um dos discos mais envolventes e instigantes de Moraes Moreira e um dos mais agradáveis e legais desse ano. Seria muito interessante ver Moraes se enveredando ainda mais pelo cordel, a música do sertão nordestino. Enquanto aguardamos, desfrutemos de “Ser Tão”.