Por Anderson Nascimento
Morando á 29 anos na Espanha, David Tavares, músico paranaense, distribui brasilidade em seu novo disco “Ni Tan Rey, Ni Tan Ratón”, que aborda o Flamenco sob a influência de uma grande diversidade de ritmos.
Entre suas doze faixas, todas autorais (sendo nove compostas sozinho e as outras três em parceria com Bio Medeiros), David miscigena música regional brasileira, Flamenco, Rumba, Samba, Frevo, Fandango e música clássica, em canções cujos nomes são autoexplicativos. “Cigana”, faixa de abertura, por exemplo, já traz em seu próprio nome o que o ouvinte vai encontrar, ou seja, dedilhados frenéticos, palmas e muita sensualidade.
“Frevando” é uma das canções que mais se encaixam nesse conceito da fusão musical sugerida pelo disco, ao misturar o Frevo nordestino com cordas tocadas de maneira melancólica, mas ao mesmo tempo rítmica.
A maior parte do disco é instrumental, mas há três faixas com letras e cantadas. A Bossa “Minha Vida” ganha os vocais de Paulo Mestre, além disso, possui destaque não para o violão, mas para o piano tocado por Gerardo Cantanzaro, tornando-se uma das faixas mais belas do disco. “Negro e Sinhá” é um Tremolo com pinta de Baião, que também ganha os vocais de Paulo Mestre, e possui um bonito enredo que fala sobre um amor proibido. “Marineide da Favela”, cantada por Pedro Moreno, é um Samba suingado que não deixa a desejar em nada, se tratando do legítimo Samba carioca.
Recheado de momentos de muita emoção como em “Danza Cortezana”, baladas como “Balada Para Uma Mulher Triste” e despojamento, como na Bossa "Carioca de Guarapuava", o disco foi gravado na cidade de Madrid e produzido por Rafael Morales e pelo próprio David Tavares. Terceiro álbum do artista, “Ni Tan Rey, Ni Tan Ratón” vai além das fronteiras que delimitam os países, provando que a música é a verdadeira linguagem universal.