Por Anderson Nascimento
Durante as entrevistas concedidas por Marisa Monte para a imprensa, por conta da divulgação de seus dois novos álbuns “Infinito Particular” e “Universo ao me Redor”, a mesma falou da intenção de criar um “som ambiente” com os seus álbuns. Se a idéia foi mesmo essa, ela conseguiu.
“Infinito Particular”, o álbum pop (o outro é baseado em canções de samba), tem uma áurea chegando às vezes a soar etéreo, como na bucólica “O Rio”. E por falar em bucolismo, a faixa “Vilarejo”, um dos sucessos do álbum, é perfeita. A letra super bem construída fala sobre um lugar magistral, perfeito, elevando o espírito e arremessando imediatamente o ouvinte ao paraíso.
O disco na verdade tem uma atmosfera muito diferente do seu último álbum de estúdio “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor”, que apesar de pop também, teve canções mais pulsantes e com imenso poder radiofônico só pra citar “Amor I Love You”, “O que me Importa”, “Para ver as meninas”, “Não é Fácil”, são canções “feitas” pra tocar no rádio. Não que isso deixe de acontecer em “Infinito Particular”, mas ao contrário do disco anterior, as canções tem o perfil “música de álbum”. No geral as músicas seguem um estilo próximo que dá cara ao álbum, por isso acredito que o fato de a Marisa ter separado o disco de pop do de samba pecou por não ter a pluralidade característica dos álbuns da cantora. Por outro lado ganhamos dois discos novos da cantora, o que é muito bom.
De “Memórias...” pra cá muita coisa mudou. O efeito Tribalista com certeza deixou algum efeito na carreira de Marisa. Isso pode ser percebido nas canções do álbum, as parcerias com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown agora estão mais constantes, Marisa agora está compondo mais também, deixando a sua obra mais autoral, consolidando ainda mais a sua vitoriosa carreira.
Só senti falta de um pouco mais de “ação” no disco, por exemplo, no caso da música “Levante”, a bela melodia pede um pouco mais de ginga. Mas o disco desfila canções de ótimo bom gosto, como a própria faixa título, “ Infitito Particular”, a sentimental “Pra ser sincero”, e eu não poderia deixar de citar aqui neste testemunho a obra prima “Até Parece”: linda! Músicas como essa fazem valer a pena ter esperado tanto tempo por um novo disco de Marisa Monte.