Resenha do Cd Portas / Marisa Monte

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PORTAS
MARISA MONTE
2021

SONY MUSIC
Por Thais Sechetin

No aniversário de Marisa Monte, dia 1 de julho, foi lançado seu novo trabalho, o disco “Portas”. Mesmo correndo o risco de ser repetitiva em minhas resenhas, preciso falar sobre alento,calor e esperança em tempos tão sombrios. Com todos os músicos do planeta querendo presentear o público com um pouco de “Calma”, Marisa é uma das artistas que fez isso mais lindamente. Além de nos proporcionar um respiro e um momento de relaxamento de toda essa tensão, ela ainda nos chama atenção para o fato de que a música brasileira, a música popular, também é sofisticada. As músicas não são longas (são 16 em um álbum que não chega a ter 50 minutos), que podem ser interpretadas como leves brisas, que passam por nós repentinamente, nos deixando com vontade de sentir mais leveza na alma, até vir a próxima música, ou seja, a próxima brisa, nos afagando e repetindo o ciclo.

O álbum “Portas'' conta com várias parcerias, novas e antigas, como veremos. A música de abertura, que também é a faixa título, já conta com a parceria de Arnaldo Antunes e Dadi Carvalho e fala sobre as oportunidades que podemos agarrar na vida, sobre podermos abrir e fechar portas durante nossa jornada. O single “Calma”, mais orquestrado, é uma parceria com Chico Brown, que se repetirá algumas vezes no disco, como com a belíssima e completa "Déjà Vu”, por exemplo: Uma música que mezcla o clássico e o moderno com um solo de guitarra e um refrão tão delicioso de ouvir que faz um afago na alma e é seguida de “Quanto Tempo”, uma música curta, nem por isso menos bonita, e uma parceria com Pretinho da Serrinha e Pedro Baby.

Um dos destaques do álbum (entre tantos, por isso foi mais fácil escrever uma resenha faixa a faixa), é outra parceria com Chico Brown na quase mística “Medo Do Perigo”, onde todo o arranjo vocal da faixa a faz parecer um mantra indiano. Já a doce e leve “A Língua Dos Animais”, é uma viagem a um paraíso ensolarado embalado pela voz de Marisa e pela virada instrumental que, ao chegar no refrão a transforma em uma canção de jazz.
E faria muita falta uma parceria entre a cantora e Nando Reis, mas a dupla não decepciona os fãs ao gravar uma composição antiga interpretada pela característica suave da voz de Marisa, que ganha força capaz de preencher todo o ambiente em que for reproduzida: Essa composição é intitulada “Praia Vermelha”.

Outro destaque é a canção composta em parceria com o Lucas Silva e Lúcio Silva, chamada “Totalmente Seu”, que me lembrou demais a minha canção favorita da carreira de Marisa, “A Sua”.
Outra colaboração de Chico Brown, que na minha opinião, em cada participação deixa uma marca especial, “Em Qualquer Tom” é uma MPB refinada. Nesse período do disco, pode-se sentir grande influência da música popular,começando com a leve Bossa “Espaçonaves”, passando por “Fazendo Cena”, que ganha o incremento de guitarra e piano, e passando também pelo destaque da suavidade de Marisa em “Sal”, e “Vagalumes”, uma música de Marcelo Camelo que já estava pronta, como consta a informação no site oficial de Marisa.

E mesmo que o álbum tenha como tema principal a leveza, quase linear, “Portas” tem toques de ritmos distintos, como é caso do samba “Elegante Amanhecer”, em outra parceria com Pretinho da Serrinha, e uma das minhas favoritas do disco. Uma das mais agitadas do álbum,dentro da proposta de leveza, “Você Não Liga”, é outra música popular bem moderna e com a colaboração de Marcelo Camelo.

E encerrando o trabalho de Marisa e do time de músicos de peso, com chave e vozes de ouro, ouvimos a otimista e lindíssima “Pra Melhorar”, composta em parceria com Seu Jorge e sua filha Flor, com a participação de ambos nos vocais. A letra é belíssima, perfeita para fechar o álbum com a mensagem de que o Sol pode vir. Se as portas que abriram o disco também se abrirem na vida, a luz do sol pode entrar e iluminar. E as coisas melhorarão.

A fé da arte e a fé na arte nos diz isso sempre, ora de forma sutil, ora de forma explícita. E Marisa embalou essa fé, colocou um belo laço de esperança, enfeitou com toda a beleza da poesia e entregou a cada um de nós. E um dia, não muito distante, as profecias de “Pra Melhorar” se concretizarão e agradeceremos Marisa Monte pelo presente de outrora, pessoalmente, como público, em segurança e aplaudindo ao vivo.

Resenha Publicada em 31/07/2021





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