Por Valdir Junior
Gravado durante a turnê pela Ásia e Oriente Médio que Eric Clapton fez entre fevereiro e março de 2014, o documentário/show “Planes, Trains and Eric” lançado em DVD em novembro do mesmo ano, tem como fio condutor a declaração que Clapton deu no início daquele ano expondo o desejo de parar de excursionar quando chegasse aos setenta anos de idade.
Esse desejo de semi aposentadoria de Clapton, já vem desde o inicio dos anos 2000, na época do lançamento do álbum “Reptile”, Clapton confessava que estava ficando cansado das grandes tours, das exaustivas viagens e a vontade de passar mais tempo com a família. Vale resaltar que isso não queria dizer que ele se afastaria da música, pelo contrário, ele até dava como exemplo a vida e carreira que seu amigo e mentor J.J.Cale levava no Texas, gravando e tocando em bares e casas de shows perto de sua casa.
“Planes, Trains and Eric” traz entrevistas com Clapton e sua banda, falando a respeito desse desejo de parar de Eric e como eles encaravam tudo isso, entremeadas com perfomaces completas de músicas de vários shows dessa tour. O repertório basicamente é o mesmo que iria aparecer mais tarde em “Slowhand at 70 – Live at the Royal Albert Hall”, DVD/CD que Clapton lançaria em 2015 para comemorar os seus setenta anos.
Do Blues ao Rock, passando por baladas pop, o set list é bem representativo na carreira de Clapton, e cobrem as cinco décadas de sua vida na música. É claro que podemos reclamar que faltou essa ou aquela música, mas sucessos como “Tears in Heaven”, “Wonderful Tonight”, “Layla”, “Cocaine”, “Pretendig” e “I Shot the Sheriff” estão ali, junto de músicas míticas como "Crossroads”, “Tell The Truth” e “Before You Accuse Me”. Como bônus o DVD traz a faixa “Alabama Woman Blues”, música que Clapton gravaria para seu mais recente álbum “I Still Do”.
Não é preciso dizer que a “pegada” e a musicalidade de Clapton melhoram a cada ano que passa, e hoje ele está no mesmo patamar que seus ídolos, mas fica claro ao assistir ao documentário, o quanto esse mundo globalizado, consumista e ávido em ter um pedaço do artista o tempo todo, se choca com a liberdade e vontade do artista de ser ele mesmo e não um objeto/personagem que está à disposição em tempo integral, e que devemos pensar no lado humano e finito de todo artista.
Notícias mais recentes dão a entender que Clapton, passando por problemas de saúde que dificultam ele de tocar sua guitarra, tende a concretizar esse desejo de parar de excursionar. Vamos torcer para que o velho slowhand se recupere logo e continue nos agraciando com o seus blues, rocks e som divino de sua guitarra. Enquanto isso, temos uma discografia enorme para ouvir e redescobrir, assim como vários DVDs registrando todos esses momentos.