Por Valdir Junior
Em tempos em que as relações humanas são cada vez mais banalizadas e superficiais, e amizades, relacionamentos comerciais, afetivos e até musicais são de curta duração, sempre prontos para se largar tudo ao sinal do mais insignificante problema, é difícil encontrarmos casamentos e amizades que durem mais de cinco, dez anos.
Mais espantoso ainda é encontrar uma banda de cinco amigos que estejam juntos há trinta anos tocando blues em terra brasilis, e apesar de todos os percalços ainda se mantenham dispostos a percorrer a estrada com a mesma garra do início. A banda em questão é o Blues Etílicos e em 2015 a banda completou trinta anos de carreira, sendo vinte com a mesma formação: Greg Wilson (guitarra e voz); Flávio Guimarães( gaita e voz); Otávio Rocha ( guitarra solo); Pedro Strasser (bateria) e Cláudio Bedran (baixo).
Para comemorar a data e também registrar o ótimo momento em sua carreira, a banda lança seu segundo álbum ao vivo, “Blues Etílicos – 30 Anos Ao Vivo”, gravado em setembro de 2014 no Sesc Santo Amaro, São Paulo. Aproveitando a boa recepção de seu último álbum de estúdio, o ótimo “Puro Malte” de 2013, a banda preparou um set list muito bem azeitado dando mais atenção às músicas dos últimos discos de estúdio, trazendo também algumas surpresas.
Diferente do primeiro disco ao vivo “Águas Barrentas” de 2001, o Blues Etílicos optou por uma sonoridade mais concisa, menos pesada e mais direta, mas não pense que as músicas estão sem “a pegada” característica da banda, não falta swing, groove e eletricidade nas doze faixas do CD. Aliás é assim que o show começa, com a instrumental “Dromedário” um tour de force matadora, onde cada membro da banda mostra o quanto domina seu instrumento.
A banda resgata “Safra 63” do seu primeiro álbum “Blues Etílicos” de 1987 e “Forrocito” e “Tiro de Largada” do quase obscuro “A Cor do Universo” álbum de 2003, e estreia duas faixas inéditas, “Solidão do Bois” e “Tributo a Freddie King”, a grande surpresa fica pela inclusão de duas músicas de um projeto paralelo de Greg, Otavio e Pedro, o Macabu, são elas “Let it Rain” e a fantástica “Easy Rider de Bicicleta”, duas faixas eletrizantes e cheias de mojo.
Com “Blues Etílicos – 30 Anos Ao Vivo”, a banda se consolida como a maior banda de blues brasileira, dado a naturalidade e a energia de suas performaces, pois é no palco, lugar em que a banda mais passou seus trinta anos, onde isso se comprova e não há lugar melhor para eles, mesmo que seus álbuns de estúdio sejam perfeitos, o Blues Etílicos vive para tocar e o palco é o seu habitat natural, que venham mais trinta anos de Blues Etílicos.