Por Valdir Junior
Quatro anos separam “Sei”, último disco de estúdio de Nando Reis e “Jardim – Pomar”, o mais novo álbum solo de Nando, o décimo terceiro da carreira do cantor e compositor paulista. Nesse meio tempo entre uma agenda cheia de shows, Nando lançou dois discos ao vivo, “Sei Como Foi em BH” em 2013 e “Nando Reis – “Voz & Violão – No Recreio Vol. 1” em 2015, discos esses que deixam claro o quanto o palco é um momento prazeroso para Nando, mas é no estúdio, ambiente controlado e intimista, que Nando, gesta, formata e lapida sua música para que tanto ela, a música, e ele, se extravazem na hora de chegar ao palco.
Gravado entre Seattle e São Paulo, com um hiato de seis meses entre uma sessão e outra, produzido por Jack Endino e Barret Martin, “Jardim-Pomar” é um dos discos mais maduros de Nando e também um dos mais pesados, ao escutarmos os disco, fica nítido que houve uma preocupação em dar uma unidade maior ao disco, onde tanto arranjo, melodia e letra tivessem a mesma emoção. Para tanto, Nando se cercou, além da sua banda, os Infernais, de convidados mais que especiais como: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Paulo Miklos, Sergio Britto, Luiza Possi, Pitty, Tulipa Ruiz, Peter Buck do R.E.M e Mike McCready do Pearl Jam, para contribuírem, com seus talentos como músicos e interpretes, e com uma energia positiva e inspiradora.
Quem já está acostumado à obra e a música de Nando, com sua poesia e estrutura musical peculiar, vai se surpreender com as músicas de “Jardim-Pomar”, bem diferente de seus últimos discos, as músicas aqui vão crescendo e contagiando o ouvinte após escuta-las, de cara, as quatro faixas iniciais: “Infinito Oito”, “Deus Meu”, “Inimitável” que tem a guitarra de Peter Buck emulando o riff de “Satisfaction” dos Stones, e “4 de Março” já grudam em nossos ouvidos e dão um início forte e marcante para “Jardim-Pomar”. Os temas das canções são os recorrentes na obra de Nando, reflexões amorosas, emocionais e existenciais, ao lado de declarações apaixonadas à musa do cantor, sua esposa Vânia. Aqui vale destacar: “Concórdia” que possui um belo arranjo de cordas, e já tinha sido gravada pela cantora Elza Soares; e as faixas: “Como Somos”, “Água-Viva”, “Pra Musa” e “Pra Onde Foi”.
O álbum, lançado de forma independente pelo selo Relicário de Nando, traz um lindo projeto gráfico, com ilustrações da artista plástica Vânia Mignone, e chega ao mercado em CD, download, Vinil (separado em dois volumes “Jardim” e “Pomar”) e em K7, ou seja, em todos formados possíveis, para agradar fãs, hipsters, audiófilos e puristas. “Jardim-Pomar” é um dos melhores discos de Nando desde “Drês” de 2009 e tem potencial para se tornar um grande sucesso dentro da discografia do cantor. A turnê de divulgação do álbum começará em março de 2017, e até lá “Jardim-Pomar” já terá rodado bastante no seu som, ficando então a expectativa para ouvir tudo isso ao vivo.