Por Anderson Nascimento
Pra frente, em frente e pra cima. Mesmo rondando em torno de temas recorrentes de seus outros álbuns, o amor, a família e os filhos, “Drês”, oitavo disco do Nando Reis, é assim.
Como não deve ser novidade pra ninguém, Nando assenta-se de vez em um terreno que notavelmente já é seu. Cercado por uma excelente banda, em um naipe MPB que ora tende ao Rock, e ora tende ao Pop, o ex-Titã, lança um disco agradável, e inteligente.
O peso das guitarras contrasta com sua voz doce, mas ao mesmo tempo áspera quando tem que ser assim, e dão o recado em doze faixas, que passam em um piscar de olhos.
As músicas, em sua maioria, estão tendendo ao Rock, fato que fica claro já em “Hi, Dri”, faixa que abre o disco, e é consolidado ainda na terceira música do disco, a faixa título “Drês”, com um peso que chega a lembrar o som feito por bandas de metal no início da década.
Por outro lado, Nando Reis dilacera o coração do ouvinte no primeiro single do disco “Ainda Não Passou”, que junto com a faixa que encerra o disco, “Baby, Eu Queria”, possuem altas doses de sentimentalismo, que as fazem fortemente desaconselháveis para quem acabou de sair de um relacionamento. Também nesse nível está “Conta”, mais uma música dedicada à sua falecida mãe, que apresenta um quê sentimental em um estilo que Roberto Carlos sabe fazer muito bem, só que no caso de Nando, com versos um pouco menos cortantes. “Só Pra Só”, dedicada à sua filha Sofia, também é outro grande momento, que apoiado em um belo órgão, faz da canção um momento altamente charmoso. E nesse time de grandes canções do álbum está “Livre Como um Deus”, que tem um potencial e apelo para ser mais um hit do álbum.
Além de tudo isso, outro atrativo deste novo disco, é a dosagem, muito bem feita, de músicas tendendo a várias direções, como citado no início deste texto. “Mosaico Abstrato”, uma das melhores do álbum (já estou a imaginando ao vivo), tem uma grande aproximação em termos de letra, com a MPB. O mesmo ocorre em “Pra Você Guardei o Amor”, com participação especialíssima da cantora Ana Cañas, em um momento completamente acústico, dando ares de “Álbum Branco” (Beatles) ao disco, juro que isso não tem nada a ver com os pássaros no fim da música.
No fim das contas “Drês” é um grande disco, que os fãs certamente vão sorrir de orelha-a-orelha ao ouvir, romântico, roqueiro, dilacerante, inteligente, são adjetivos que fazem desse, o melhor disco de Nando desde “Para Quando o Arco Íris Encontrar o Pote de Ouro”, seu segundo álbum.