Por Anderson Nascimento
Desde o lançamento de “Use Your Ilusion 1 e 2”, último lançamento de inéditas de Axl Rose e sua trupe, em 1991, portanto dezessete anos, os fãs e o mundo da música vêm assistindo a uma série de adiamentos, troca de músicos, regravações de instrumentos, e outros fatos que levaram-nos a perguntar: “Será que esse disco será lançado mesmo?”.
Tudo isso ajudou a criar uma verdadeira mística em torno de “Chinese Democracy”, versões piratas foram lançadas, coletâneas das músicas tocadas ao vivo por Axl, fazendo com que cada um criasse o seu “Chinese” ideal.
A pergunta mais executada em tempos de disco novo do Guns é “Valeu a pena a espera?”. Uns dizem que sim, outros dizem que não, mas vou falar por mim: valeu!
É obvio que comparações com o saudoso “clássico” Guns de dezenas de hits, vídeo clipes interessantes até hoje, são inevitáveis, mas os tempos são outros. O Talento de Axl está presente como sempre, o egoísmo, por incrível que possa parecer, foi minimizado, com fotos de integrantes e ex-integrantes que participaram da gravação do álbum no encarte do disco.
Assim como cada um viajou na idealização do “Chinese Democracy”, eu também criei a imagem de um disco duplo, triplo ou até quádruplo, devido à longa espera. Mas pensando bem, as 14 músicas do álbum foram muito bem escolhidas, acredito que deva ter sido difícil para Axl Rose “fechar” um álbum concebido ao longo de quase duas décadas.
O disco tem um estilo de Rock suave, feito para agradar os velhos fãs, e para torcer o nariz de quem esperava porradas como as de anos atrás. Os anos se passaram e Axl não se deixou levar por modismos ou pelos caminhos que o Rock trilhou desde “Use Your Ilusion”. Não há nada muito novo no álbum, apenas grandes canções preparadas com fórmulas antigas.
Musicalmente, o álbum, apresenta faixas que vão entrar para o repertório principal da banda, como é o caso da faixa título com a guitarra rasgada da introdução, ou em momentos tão empolgantes quanto, como é o caso de “There Was a Time” com seus quase sete minutos.
Ou ainda em clima extremamente noventista como na segunda música do álbum “Shackler's Revenge”, ou na pancada melódica “Better”, que talvez seja a mais moderninha do álbum.
“Street of Dreams” é o baladão do disco. Uma música bem construída, que não deixa nada a dever aos velhos clássicos da banda, incluindo todos os ingredientes das canções anteriores, a saber, falsetes, piano, longo solo de guitarra, final com “fade-in” e “fade-out” etc.
“If The World” comprova que o álbum está muito palatável, basta notas os vocais limpos e à frente dos instrumentos. Axl só erra em momentos onde há uma tentativa de grandiloqüência como em “Catcher in The Rye”. Porém quando tenta ser mais simples, Axl acerta em cheio, é o caso de “Sorry”. Ou ainda na sequência de perder o fôlego no final do disco começando com “I.R.S”, a melhor música do disco, e passando por “Madagascar” e “This is Love”.
Dezessete anos depois, o Guns and Roses está de volta! Seja bem vindo Axl!