Resenha do Cd Gueixa Tropical / Daniela Procopio

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GUEIXA TROPICAL
DANIELA PROCOPIO
2013

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

A cantora Daniela Procópio acaba de lançar seu segundo trabalho, “Gueixa Tropical”, um álbum conceitual que presta um tributo à cultura brasileira e oriental ao retratar as aventuras de uma personagem de descendência indígena que busca o amor e acaba se encantando com a cultura oriental. Dada a temática, essa pequena obra-prima desbrava culturas distintas, que não se prendem apenas a costumes ou línguas, já que a cantora, além do português, também canta em francês, em inglês, espanhol, e até provoca a mistura de idiomas, deixando uma implícita mensagem de que a música está além de barreiras linguísticas ou culturais.

A construção do disco (e da jornada narrada ao longo do mesmo) inicia com a incrível “Gueixa do Xingu” (Antonio Villeroy – Eugenio Dale), que por si só já renderia todo um texto em particular. A canção é uma das faixas mais bacanas feitas no Brasil nesse ano de 2013, e encanta pela inédita miscigenação que agrega o que há de mais primitivo neste país a traços da cultura nipônica, formando uma canção de força e peso impressionantes, resultante da mistura de MPB com instrumentos rústicos brasileiros e japoneses.

A partir desse magnífico cartão de visitas, Daniela desenvolve o conceito do álbum espalhando ótimas canções ao longo do disco, caso da multiculturalista “Love in Xangai (Nizan Guannes, Daniela Procópio), e de “Noite Mansa”(Armandinho Macedo, Maria Vasco, Daniela Procopio), canção de belíssima melodia baseada no bandolim de Armandinho Macedo.

A cantora também grava no disco canções de artistas já consagrados, caso da (ótima) “Outro Mar, Outro Amor” (Carlinhos Brown, Eugenio Dale, Daniela Procópio), canção com jeito de hit feita em parceria com Brown e que possui um viés mais pop e urde instrumentos japoneses (shaminsen) e chineses (erthu - tocado por um músico chinês). A sequência, com a canção “Adeus” (João Donato, Daniela Procópio, Eugênio Dale), traz o mestre João Donato à vontade ao piano tecendo uma melodia calcada no bolero. O disco ainda elenca duas canções de Morais Moreira, os sambinhas “Tadinho” (Moraes Moreira), com o próprio ao violão, e “Foi Tanto Carinho” (Moraes Moreira), presente do “Novo Baiano” para Daniela e seu marido. As duas faixas estão entre os grandes destaques do disco.

Passando por diversos momentos como solidão, fuga da realidade, despedida, deslumbramento, sonhos, e até alusão ao paradoxo vida e morte em “Canção das Águas Claras” (Heitor Villa-Lobos, Gilberto Amado), o disco também chama a atenção pelo uso de “instrumentos” inusitados (unhas de llamas, vassourinha no papel, molho de chaves, sinos, etc.) que ajudam a construir uma sonoridade única para essa obra.

Daniela o disco encerra com “We Are In Love” (Luciana Pestano, Daniela Procopio) com a própria Luciana nos vocais junto com Daniela, deixando a seguinte mensagem “...Olhe o sol da manhã, sorria para um estranho uma vez por dia, aprenda a ver as coisas com outro olhar”.

Provando que um disco é muito mais que um mero alinhamento de canções, Daniela Procópio acerta em cheio tanto com as canções, encantando o ouvinte já na primeira audição, quanto com a arte gráfica do álbum, repleta de belas fotos com encarte recheado de informações e, no caso da imprensa, um bonito release em formato de revista, coisa linda! Belíssimo álbum.

Resenha Publicada em 23/10/2013





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