Resenha do Cd Reza / Rita Lee

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REZA
RITA LEE
2012

BISCOITO FINO
Por Anderson Nascimento

Após um jejum de nove anos sem lançar um álbum inteiro de canções inéditas, Rita Lee finalmente nos apresenta “Reza”, seu trigésimo quarto álbum. Toda essa espera foi recompensada em parte, já que alguns momentos do álbum são de puro êxtase, e outros, nem tanto.

Recentemente foi noticiado o lançamento de “Reza” no formato vinil, e é assim mesmo que vejo o disco novo de Rita Lee: um rebento com seu lado A e seu lado B. E isso ocorre em uma sequência que quase sugere que o disco tenha sido arquitetado dessa forma.

A veia tropicalista de Rita Lee se intumesce já na faixa incial, “Pitis Sophia”, libelo que urde orações com cânticos de lavadeiras, o que empina as orelhas do ouvinte na esperança de um álbum histórico.

E a desconfiança de que isso ocorreria não é traída na matadora sequência de “Reza” (a faixa), single que está mais que estourado nas paradas de sucesso, que mesmo com o fato de ter entrado na trilha sonora da novela das oito, tem um potencial incrível. “Tô Um Lixo” é a próxima faixa, de veia pop, ainda que leve a assinatura de Iggor Cavalera na batera, a faixa divaga sobre as transformações que a vida vai impondo a gente. Na sequência “Divagando”, é um pop a lá Lulu Santos, repleto de programações eletrônicas, que passeia sobre a temática morte, de forma leve, porém aguda, que também consegue se destacar no álbum.

Em “Vidinha”, Rita novamente invoca os questionamentos sobre o dia-a-dia de uma vida regrada no Rock mais pesado do álbum, que acaba pecando por não ser um pouco mais curta, ou então ter sido escolhida para encerrar o disco.

“As Loucas”, marca o fim desse chamado lado A do disco. A faixa é mais um Rock, impregnado de guitarras fortes e Stonianos, a letra é de um requinte maravilhoso, inventiva e sagaz.

Apartir daí o álbum cai vertiginosamente, entrando em uma sequência fraca. Canções como “Bicho Grilo”, “Paradise Brasil” e “Bamboogie Woogie” são tão entediantes que chega ser impossível ouvir e não pular a faixa.

Mesmo assim, nesse “lado b” do disco, ainda conseguem se destacar a engraçadinha “Bagdá”, misto de palavras que juntas que dão a impressão de estarmos ouvindo uma música árabe, algo já explorado por outras bandas, e “Tutti Fuditti”, outra brincadeira, que desta vez alveja a língua italiana. “Gororoba” também se destaca por apostar em um Rock básico, sem muitas firulas, algo que acaba sobrando nesse disco. O disco encerra com outro momento chatíssimo, a instrumental e banal “Pow”, que consegue desperdiçar valiosos três minutos do disco.

É claro que seria difícil esperar em “Reza” a perspicácia do maravilhoso “Balacobaco” (2003), mas Rita acabou entregando um disco com um punhado de boas canções, mostrando que pode ainda construir canções de sucesso e relevantes, se assim ela quiser. Uma pena que o disco, talvez de forma consciente, não seja tão redondo como esperávamos, mas é um álbum de Rita, que só por esse fato, já merece ser ouvido.

Resenha Publicada em 07/06/2012





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