Por Anderson Nascimento
Apesar de o Good Charllote dar pistas sobre a temática de seu novo álbum já em seu título, dificilmente o ouvinte imaginará o tamanho da mudança provocada pelo disco no estilo da banda sem que este ouça antes “Cardiology”.
Um álbum conceitual ligado às coisas do coração, e isso é possível? A banda provou que sim. Não à toa o conceito do álbum é cerceado entre as faixas “Introduction To Cardiology” e “Cardiology”, tendo como recheio treze outros temas.
É claro que é de se estranhar uma banda que em outro momento lançou álbuns punkados como “The Chronicles of Life and Death”, e que chegou a ser comparado com o Green Day, lançar um disco tão inofensivo e manso como este.
Recheado corinhos, como pode ser ouvido na dobradinha "Like Its Her Birthday", primeiro single do disco, e na dançante “Last Night”, o disco aproxima o som da banda ao de grupos como “Blink 182” e “Panic At The Disco!”.
A controvérsia relativa ao novo disco da banda iniciou desde a sua concepção, o que ainda envolveu um complicado processo de lançamento do CD,incluindo a mudança de produtor, tanto que depois de anunciado e pronto, o disco teve que ser totalmente refeito. Houve vazamento do álbum na internet muito antes do previsto, o que pode ter ajudado a banda a querer refazer o disco.
O resultado final do álbum me pareceu ainda mais polido e, apesar de possuir boas canções, em alguns momentos esse refinamento puxa pra baixo o conceito final da obra, caso onde o Pop superproduzido beira ao boçal, caso da canção “Sex On The Radio”.
Algo interessante é o fato de o disco soar tão pop que chega a ter um ar de defasado, por incrível que isso possa parecer, mas o pop “moderno” que a banda se propôs a fazer com esse disco demorou tanto a sair, que ficou essa impressão de datado.
Não que isso seja de todo ruim, “Cardiology” é um álbum gostoso de ouvir, tem canções redondas (um pouco demais, tudo bem), mas saiba que o disco pede o acompanhamento de um saquinho de jujubas, então quem não gosta de jujuba, provavelmente não vai curtir esse álbum.
Entre as boas canções estão “1979”, canção baseada em violões e arranjos vocais cheios de “Ôoôos”, “Counting The Days” e a própria faixa que dá nome ao disco.
Vale a pena ouvir? Sim, vale. Mas vale também a dica: cuidado com a glicose!