Por Anderson Nascimento
Justificando o seu nome o selo Discobertas põe de volta ao mercado o primeiro álbum da cantora Leila Pinheiro, pela primeira vez lançado em CD. O disco foi lançado em vinil em 1983 e, de forma independente, mal chegou às lojas, sendo então peça rara até os dias de hoje.
A qualidade sonora do álbum impressiona, mesmo passados 27 anos desde a sua gravação no Rio de Janeiro, entre os anos de 1982 e 1983. Parte desse requinte leva os nomes de consagrados músicos que emprestam um pouco de seu talento ao disco. Entre eles, Antônio Carlos Jobim, Ivan Lins, Francis Hime, Toninho Horta, João Donato e Dori Caymmi.
A cantora revela no encarte do CD a saga que foi a venda de seu LP em consignação com as lojas e, olhando pra trás, revela que foi muito feliz na escolha do repertório que já apontava o caminho que a cantora seguiria ao longo de toda a sua carreira.
Realmente a cantora tem razão, nesse álbum já é possível perceber seu talento em interpretações irrepreensíveis de canções como “Falando de Amor” de Tom Jobim e “Lua de Cetim” de Francis e Olivia Hime.
“Coração Vagabundo” de Caetano Veloso, que aqui ganha uma interpretação bem característica da cantora, que muitas vezes toma pra si as músicas que regrava, fato permitido pela impressão pessoal que levam as suas releituras.
Outro momento delicioso é “Tudo em Cima” de Tunai e Sérgio Natureza, canção cheia de ginga que traz a atmosfera do distante ano de 1983 e revela a maturidade vocal e musical da jovem cantora então com 22 anos.
Como quem estava em um sonho e não acreditava que seus grandes ídolos estavam ali, gravando em seu álbum, Leila produziu um álbum à altura desse sonho, que graças à parceira de seu selo “Tacacá Music” com o selo Discobertas, de Marcelo Fróes, está agora à disposição dos fãs e pesquisadores que anseiam descobrir onde a carreira fonográfica da cantora, de fato, começou.