Por Anderson Nascimento
De pegada interiorana, o novo disco do Killers é uma viagem à terra natal de Brandon Flowers, Nephi (Utah), como apontam os primeiros versos da faixa de abertura da arrepiante “West Hills”. Dotada de pura emoção, a faixa título sugere os caminhos pelos quais o álbum vai transitar ao longo de suas 11 canções.
Conceitual, o álbum segue com “Quiet Town”, uma canção que vai lembra muito a pegada de Bruce Springsteen, com letra casual e uma gaita arrasadora que pontua cada estrofe da canção. A letra é uma delícia e a faixa é uma das melhores do disco.
O disco também flagra as mazelas de uma cidade pacata, sob o olhar de pais e mães que tomam conta de seus filhos e passam por momentos de orgulho e luto. O disco também lê temas pesados e enigmáticos, como em “Terrible Thing”.
Se “Terrible Thing” é, de forma minimalista, um pano de fundo para um cenário triste, “Cody” põe suas pegada questionadora sob uma camada sonora muito mais interessante, com destaque para uma guitarra que rasga a canção ao meio. A canção põe em xeque questões sobre religião e sobre deixar o comodismo da cidade natal.
Esta é um ponto importante no álbum, algumas músicas, apesar de fazerem parte do contexto, não empolgam como o selo de canção uma canção do Killers normalmente referenda. Assim, faixas como “Sleepwalker” e “Runaway Horses” passam batido durante a execução do álbum.
O disco recupera o fôlego com “In The Car Outside”, outra canção que vai lembrar o velho Bruce, e por que não o próprio Killers? A canção estradeira tem um jovem pai de família cercado dos problemas que muitas vezes acompanha a vida de adulto. Essa é, sem dúvida, a melhor faixa do disco.
Esse clima pra cima, pelo menos musicalmente, vai aparecer de novo somente em “In Another Life” outra faixa que vai lembrar o som característico da banda. O disco encerra com “The Getting By”, faixa que chega a lembrar um hino religioso, principalmente pelo belíssimo arranjo vocal, que vai crescendo junto à canção.
Gravado durante o recesso causado pelo adiamento da turnê do álbum anterior, por conta da COBID-19, cabe acrescentar que o disco marca também a volta do guitarrista Dave Keuning à banda – ele tinha ficado de fora do álbum anterior “Imploding the Mirage” (2020).
Ao final do disco percebe-se que talvez este seja o disco que Brandon precisava fazer, e que em algum momento aconteceria. Conceitual, o disco joga luz ao estilo de vida de pessoas que seguem suas vidas em uma cidade pequena, nascendo e morrendo por ali. Apesar de estar abaixo da maioria dos discos da banda, “Pressure Machine” vai deixar algumas boas canções para o legado da banda.