Por Anderson Nascimento
Desde “The Captain and The Kid” (2006), Elton John vem buscando inspiração em seus momentos mais gloriosos, leia-se o som feito pelo astro britânico nos anos setenta. Nesse novo álbum, Elton busca não somente a sonoridade, mas também um velho amigo dessa época, o também pianista e excêntrico Leon Russell, até hoje conhecidíssimo por sua apresentação no Concerto para Bangladesh, organizado por George Harrison em 1971.
Neste álbum, primeiro de John desde “Victim of Love”, sem a sua tradicional banda, Elton conta com estelar time de convidados, que incluem artistas como Neil Young, Brian Wilson e Don Was.
O disco é repleto de momentos maravilhosos como a contemporânea “Eight Hundred Dollar Shoes”, a roqueira “Hey Ahab” e o baladão a lá Elton John “When Love is Dying”, que não deixa nada a desejar aos seus maiores clássicos, e tem tudo para tocar bastante nas rádios.
As canções onde acontecem os duetos vocais são bastante interessantes, entre eles o da climática “Gone To Shiloh” que, abrilhantada com o vocal de Neil Young, representa um dos momentos mais bacanas do álbum. Os duetos vocais alimentam outros momentos gloriosos como no primeiro single do álbum “If Wasn t For Bad” e o rockão “Monkey Suit”.
As inspiradas composições do álbum são, em sua maioria, da velha e afinada dupla Elton John e Bernie Taupin, mas também aparecem canções feitas em parceria entre os dois anfitriões do disco, ou ainda de Russell sozinho, além da inusitada parceira entre Leon e Bernie, na bela “I Should Have Sent Roses”.
Ritmos mais associados à carreira de Leon Russell estão por toda parte no álbum, como o instrumental de teor Country em “Jimmie Rodgers Dream”, e os corais na linha gospel, que abundam ao longo de canções que tendem ao Rock e ajudam a sedimentar a linha setentista do disco. Em “Hearts Have Turned To Stone”, temos uma boa mostra disso, com Russell arrasando nos vocais.
Antes de encerrar o álbum, Elton traz novamente aquele “momento Elton John” com a canção “Never Too Old (To Hold Somebody)”, baladão de apelo sentimentalista com um refrão forte e aderente, que Elton compartilha gentilmente com Leon Russel.
O álbum fecha com a canção mais bela do álbum, “In The Hands of Angels”, uma balada no piano que segue uma linha gospel e, com o vocal celestial de Leon Russell, a canção pega de surpresa o ouvinte que, desprevenido, é atingido em cheio, podendo levá-lo aos prantos na primeira audição. Simplesmente emocionante.
Essa conjunção de sensações, estilos e boa música, faz de “The Union” um álbum estupendo, uma obra de arte daquelas que faz feliz a todos aqueles que tem o prazer de consumir música. Elton e Leon acertaram em cheio ao unirem seus talentos para esse álbum fantástico que, sem dúvida, é um grande presente para todos os que apreciam verdadeiramente a música.