Por Anderson Nascimento
UFA! Respirei aliviado ao ouvir o novo álbum dos Titãs, que bom... são os Titãs! De primeira, a capa assusta. A arte do disco faz lembrar aqueles cds que acompanham jornais dominicais, onde você compra o jornal e com mais R$5,00 leva o cd. Mas o susto é logo recompensado quando o álbum começa a tocar.
Os Titãs voltam efetivamente às suas raízes, fazendo um álbum Rock'n'Roll com músicas agradáveis e inteligentes. É claro, que nem eu, nem ninguém, espera mais encontrar um álbum no estilo "Titanomaquia" ou "Tudo ao mesmo tempo agora". Os tempos são outros. Mas quem ouve o novo álbum dos Titãs é arremessado diretamente à fase 80's da banda, para nossa felicidade.
Visto que os Titãs ganharam muita grana com a fase Mtv, e posteriormente se perderam musicalmente, em termos de novidades, e em desentendimentos dentro da banda, o que gerou inclusive a saída do multi-talentoso Nando Reis, temos aqui um grande álbum. Bem diferente daquela "coisa" que foi o "A Melhor banda de todos os tempos da última semana", onde encontrávamos as bizarras "Mundo Cão", "Bananas" e a própria faixa título, este álbum está mais denso, sem muitas arestas para serem aparadas.
Neste álbum, as músicas têm a cara dos Titãs, as letras foram em sua maioria compostas em parceria, seja em dupla, trio, ou por toda a banda, dando a impressão de união e coesão da banda.
Mas vamos lá, de cara o ouvinte é recebido por um Rock seco, de instrumental e arranjos vocais Titânicos. "Nós estamos bem", espanta qualquer fantasma azarão que por ventura queira pairar nesta nova fase dos Titãs. Além de parecer mandar uma mensagem para alguém: "...agora estamos muito bem, ..., podemos viver sem, o que a gente não tem...".
"Você é minha", tem na simplicidade da letra, e na bela performance vocal de Sérgio Britto, suas principais características. É um rock bem feito, muito bem tocado e também agrada.
"Gina Superstar", entrega as vicissitudes do mundo artístico e a forma ramdômica como o mesmo funciona. É um rock muito legal, que nos remete ao início da carreira dos Titãs, e quase nos faz acreditar que uma daquelas vozes da música pertence ao Arnaldo Antunes.
"KGB", reduz um pouco do ritmo do disco, numa grande interpretação de Paulo Miklos, com uma letra super inteligente. Esta é, sem dúvida alguma, a melhor música do disco.
"Livre para escolher", dá novamente a sensação de volta ao glorioso passado titânico, é outra música que encontramos um belo arranjo vocal da banda.
"Eu não sou um bom lugar", é o primeiro single do disco, é uma música legal, mas não reflete o que reserva o disco, em termos de sonoridade. Não deveria ter sido escolhida para o primeiro single.
"Pra você ficar", traz um clima bem descontraído no qual a banda passou durante a gravação do disco.
"Enquanto houver sol", já está tocando na novela e promete ser um dos maiores sucessos deste álbum. A letra, composta por Sérgio Britto é linda e fala sobre esperança. Sérgio, que vem se destacando com a composição de baladas, desta vez, consegue fazer uma balada sem a apelação que foi a música "Epitáfio", um verdadeiro Epitáfio na obra dos Titãs.
"Esperando para atravessar a rua", traz a voz de Branco alterada e tem a letra escrita em parceria com Arnaldo Antunes. A música tem a cara do ex-Titã, e fala sobre algo bem comum em nosso dia-a-dia, a espera do sinal vermelho aparecer no semáforo para podermos atravessar a rua. Muito legal, Titãs puro!
"Provas de amor", de Paulo Miklos, é uma baladinha açucarada que fala sobre o amor nos dias de hoje.
"Ser estranho", outra que faz parte do time das melhores do álbum, é outra canção de sonoridade tranqüila que traça em sua letra um cerrto paralelo com a letra Gita de Raul Seixas.
"Vou duvidar", reascende o clima do disco, é um rock visceral que cresce ainda mais com a interpretação inflamada de Sérgio Britto. Esta com certeza vai levantar a galera nos shows.
"Pelo avesso", é talvez uma das canções mais diferentes do álbum. Possui letra extensa e uma interpretação vocal urgente de Sérgio Britto, além de uma jogada vocal bem bolada.
"A guerra é aqui", sua letra fala sobre a violência, é atualíssima, urgente, contestadora o que acaba resultando em um Rock tenso numa brilhante interpretação de Branco Mello.
"As Aventuras de um guitarrista gourmet...", é uma homenagem à Marcelo Frommer que já está ausente há dois álbuns. A letra é até legal, mas a música é incrivelmente chata, e acaba destoando-se de todo o disco. Esta é a única bobagem que os Titãs cometeram neste álbum.
Além disso o álbum ainda traz a opção multimídia onde podem ser visualizadas no computador as fotos, trechos dos ensaios e das gravações.
Enfim, este disco é o que estávamos esperando que os Titãs fizessem, um álbum livre, que honrasse a tradição e o nome da banda. Esqueçam todas as bobagens do álbum anterior, pois aqui estão novamente os verdadeiros TITÃS!!!