Por Anderson Nascimento
Com um nome que faz referência óbvia ao primeiro trabalho do grupo, “As Aventuras da Blitz 1” (1982), a banda liderada por Evandro Mesquita e Billy Forghieri, ambos da formação original, volta a lançar um disco de inéditas após um hiato de 6 anos.
O grupo conta hoje com uma formação consolidada há dez anos: Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), (teclados), Juba (bateria), Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Andréa Coutinho (backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal). E desde então tem feito muitos shows não só no Brasil, mas também fora do país.
Há dois anos, porém, o grupo vem preparando o seu novo disco, mirando no som e nas características peculiares à banda, daí a referência ao primeiro álbum do grupo em seu título. Assim, finalmente acaba de chegar ao mercado o sexto disco de estúdio do grupo.
A arte da capa e o encarte chamam imediatamente a atenção do ouvinte, tal o capricho. A capa é uma impressionante arte feita por João Sánchez, já o encarte, robusto como há muito não se vê, traz dezenas de desenhos, todas as letras das canções e a ficha completa de todas as gravações.
A faixa de abertura é o Reggae “Estrangeiro Aventureiro”, que ganhará clipe em breve, e que promove um olhar reflexivo para si mesmo. A sequência é a balada “Pode Ser Diferente”, canção que situa o romance nos dias atuais. Confirmando o bom início do disco, “O Último Cigarro” é um Blues muito bem elaborado, tanto em termos de letra quanto no arranjo instrumental.
O disco não economiza nas participações especiais, trazendo músicos como Dadi, Davi Moraes, George Israel, Fernando Magalhães, João Fera e Rodrigo Santos, entre outros. Entre os convidados que fazem dueto vocal com Evandro Mesquita estão: Zeca Pagodinho em “Fominha”, canção que associa um relacionamento com uma partida de futebol; Os Paralamas do Sucesso no Ska “Nu Na Ilha”; Frejat no ótimo Soul “Baile Quente”; Alice Caymmi na canção de cabaré “Noku Pardal”; e Sandra de Sá em “Julia, Leila e Edgar”.
Mas o melhor resultado entre todas as participações é a de Seu Jorge em “Martelinho de Ouro”, que também agrega Andreas Kisser na guitarra e Pretinho da Serrinha no cavaquinho, na canção que urde Samba e Rock, e produz um grande resultado.
Embora o disco seja recheado de bons momentos, o melhor ficou para o fim. As três faixas finais de “Aventuras II” são sublimes: “Chacal Blues”, apesar de ter uma letra um tanto estranha, é um dos grandes momentos do álbum; “O Rei do Gatilho”, única faixa que não é de autoria do grupo, traz uma nova roupagem e, claro, homenageia o malandro Moreira da Silva, em releitura cheia de efeitos e com uma grande interpretação de Evandro Mesquita; e por fim “Nunca Joguei Com Pelé”, espécie de Rap cheio de referências aos grandes craques do futebol brasileiro.
“Aventuras II” é um disco polido, muito bem gravado e tocado. O novo trabalho deste querido grupo carioca não deixa de ter humor, o que é uma marca indelével do grupo, mas não é baseado no humor, como em alguns momentos já ocorreu. O álbum é baseado em uma fusão muito bem sucedida de ritmos, trazendo assuntos modernos, mas com um certeiro olhar para o passado, transformando em assuntos ícones como Pelé e Moreira da Silva, o que faz esse trabalho ser, no mínimo, especial.