Por Anderson Nascimento
Lançado no primeiro semestre de 2018, porém pouco comentado, “rstuvxz”, 15° disco solo de Arnaldo Antunes propõe um interessante cardápio com Samba e Rock. O novo disco do Arnaldo apresenta canções em nível altíssimo de qualidade, por isso é difícil entender como esse álbum passou tão despercebido pelo mercado fonográfico.
O disco abre com “A Samba”, Samba que é uma grande homenagem às consagradas mulheres sambistas como Dona Ivone Lara e Alcione. Sem intervalo entre as faixas, uma característica marcante do álbum, o disco segue com o Rockão “Se Precavê”, parceria inédita de Arnaldo com o falecido Titã Marcelo Fromer. Outro Titã presente nas composições do álbum é Paulo Miklos em “Ceú Contra o Muro”.
O disco vai se desenhando de maneira interessante, com Arnaldo revisitando texturas de sua própria carreira, como na ótima “Amanhã Só Amanhã”, que lembra a sonoridade de discos como “Paradeiro” (2001). Já a sequência “Eu Todo Mundo”, traz o Arnaldo titânico, com a sua peculiar forma de compor e cantar, assim como o artista o faz em “Medo de Ser”, outro destaque do disco.
O disco consegue cativar o ouvinte já na primeira ouvida por canções como “Pense Duas Vezes Antes de Esquecer”, que até remete ao álbum “Iê Iê Iê” (2009), por sua levada instigante e seu refrão grudento.
O disco consegue cativar o ouvinte já na primeira ouvida por canções como “Pense Duas Vezes Antes de Esquecer”, que até remete ao álbum “Iê Iê Iê” (2009), por sua levada instigante e seu refrão grudento. Entre os sambas, vale o destaque para a intepretação de Arnaldo para a canção “Também Pede Bis”.
O álbum abre espaço para outros ritmos como a Soul Music de “Serenata de Domingo”, que remete ao som dos bailes dos fim dos anos 70, e o Reggae em “De Trem, de Carro, ou a Pé”. O disco fecha com a Tribalista “Orvalhinho do Mar”, que na verdade é uma parceria com Marcia Xavier na composição e no vocal, e que mesmo não se encaixando nem no Rock nem no Samba, encerra bem o disco.
Embora a proposta de urdir Samba e Rock seja interessante, é importante destacar que os ritmos possuem momentos distintos ao longo do disco, ou seja, não é exatamente uma mistura dos gêneros. Talvez a fusão efetiva dos ritmos predominantes do álbum tornasse o já ótimo disco em um trabalho ainda mais interessante.
Gravado em apenas 10 dias no estúdio Canto da Coruja e com produção do Curumin, o disco é capaz de cravar canções imediatamente em seu subconsciente. Se você ainda não ouviu esse trabalho, tenho certeza que ele te trará bons momentos. Arnaldo acertou mais uma vez.