Por Anderson Nascimento
Oriundo da Favela da Maré, no Rio de Janeiro, o grupo “Canto Cego” teve o seu nome inspirado na própria comunidade, que também foi responsável por pautar a direção social e urbana que o trabalho da banda aborda.
Formada por Roberta Diniz (voz), Ruth Rosa (bateria), Rodrigo Solidade (guitarra) e Magrão (baixo), o grupo chega a seu primeiro trabalho seis anos desde a sua formação. E o disco já inicia com a forte “Eu Não Vou Dizer”, canção composta por Marcelo Yuka, que abre o disco mostrando a identidade roqueira do grupo.
“Nuvem Negra”, primeiro single do álbum, traz a força da profusão de ritmos, envolvendo o seu Rock com uma pitada latina, o que faz da canção uma faixa incrível.
Mesmo quando o grupo é mais comedido eles conseguem manter a sua personalidade roqueira. Isso fica claro em canções como “Sublime”, canção melancólica e forte ao mesmo tempo em que carrega ótimo refrão, “Gigante” e a belíssima “Mundo Voraz”.
“Zé do Caroço” clássico na voz de Leci Brandão aparece no álbum com uma bela e firme roupagem roqueira. Falando nisso, vale destacar que o grupo também por vezes investe em um Rock ainda mais pesado, caso de “A Fúria” totalmente arranjada para o Hard Rock.
Ao longo do disco o grupo ainda desfila canções bastante originais, o que facilita o ouvinte de primeira viagem a curtir o grupo de imediato. Faixas como “Maestrina” e “O Dono da Ordem”, outra composição de Yuka, mas agora em parceria com Roberta Dittz, são bons exemplos disso.
Ainda que só agora tenham chegado ao primeiro disco, a banda já traz em seu currículo os prêmios de 1º lugar no Festival da Nova Música Brasileira (2012) e do Planeta Rock (2014), além de terem dividido o palco com importantes nomes do Rock nacional como Biquíni Cavadão, Ultraje a Rigor e Ira!. Vale destacar também a participação do grupo no ano passado, do importante Montreux Jazz Festival, na Suíça.
No fim das contas o trabalho do “Canto Cego” é digno de receber apenas elogios. O grupo tem ótimo desempenho instrumental, uma cantora que consegue imprimir a sua ferocidade nas canções, e composições no mínimo interessantes. Há muito tempo não aparecia uma banda com vocal feminino tão relevante e promissora.