Por Anderson Nascimento
Rodrigo da Fonseca Tavares é o nome do músico, cantor e compositor gaúcho que atende pelo nome artístico de Esteban. O artista fez parte da banda Fresno, onde dividia boa parte das composições com o vocalista Lucas Silveira.
Desde que anunciou a sua saída de seu grupo anterior em 2012, Esteban vem mantendo a sua carreira solo, paralelamente a outros trabalhos artísticos. O bom “iAdiós, Esteban!” (2012) foi o seu primeiro álbum e rendeu os singles “Canal 12”, “Sophia” e “Pianinho”. A repercussão de seu primeiro disco, aliado à visibilidade conseguida a partir da parceria com Humberto Gessinger, onde Esteban participou da turnê do disco “Insular” (2013), do célebre dono dos Engenheiros do Hawaii, resultou na gravação de seu segundo álbum solo.
“Saca La Muerte de Tu Vida”, nasceu graças ao programa de financiamento coletivo, finalizada com êxito, reunindo cerca de 30 mil Reais a mais do que o planejado inicialmente, o que proporcionou o lançamento do disco no dia 08 de junho de 2015.
Com diferença de três anos entre os álbuns, há nítido amadurecimento artístico e mais consistência entre as faixas do novo repertório. Há também uma grande influência da música regional sulista e de nossos vizinhos Uruguai e Argentina, tanto que no disco há a belíssima “Martes”, totalmente escrita em língua espanhola.
Essencialmente autoral, o disco abre com “Janeiro”, faixa de letra simples e direta, compensada por arranjos que dão um aspecto bastante sofisticado à canção. Isso ocorre em diversos momentos do álbum, em que as distorções saltam aos ouvidos, como é o caso de “O Que Não Vem”.
Entre os melhores momentos do disco está “Pra Ser”, faixa tomada por um profundo romantismo, que chega a lembrar trabalhos oitentistas de gente como Guilherme Arantes. Ainda na praia do romantismo, “Cigarros e Capitais”, segue essa linha, porém apresentando levada mais ensolarada.
“Chacarera da Saudade” é balada que reafirma o tom sulista do álbum. Essa pegada ocorre em outras canções como “Tango Novo (Nada Impede a Onda de Passar)”, faixa minimalista, que ganha imponente côro no seu refrão, e conta com a participação da cantora Tay Galega.
Com uma pegada muito mais melancólica que no disco de estreia, o disco não se arrisca muito no Rock. Porém a canção “As Terças Podem Se Inverter” de alguma forma chega a lembrar o Rock Progressivo nacional dos anos 1970, embora carregue em seu DNA o som já típico do artista. O Rock tal como conhecemos não dá tanto as caras nesse disco que quase sempre é minimalista ou refinado, o representante maior, no entanto, é “Me Sinto Humano”, faixa que discorre sobre prazeres como futebol, em especial ao Internacional, clube de coração do artista.
Quanto às referências, “Carta Aos Desinteressados” parece beber da parceria de Esteban com Humberto, enquanto “Se” é um pequeno grande momento instrumental McCartneano.
Enquanto “¡Adiós, Esteban!” é um disco de canções, “Saca La Muerte de Tu Vida” é um disco de conceito, baseado no amor e nas inspirações que esse sentimento pode proporcionar. Belo disco de uma já também bela carreira. Os fãs que ajudaram na arrecadação de fundos para a gravação do disco devem estar se sentindo orgulhosos em ter podido colaborar com a confecção de um disco tão bacana.