Por Anderson Nascimento
Há 18 anos no cenário independente nacional a banda Cartoon se destaca pelo capricho de seus arranjos vocais e por seu instrumental redondo. Ao longo dessas quase duas décadas em atividade, a banda já coleciona feitos importantes como a participação no disco de Andreas Kisser (Sepultura), e uma boa experiência internacional, tocando em países como Inglaterra, Irlanda, Canadá e Argentina. Fora isso, o grupo já gravou quatro videoclipes, ficou em 5° lugar do Breakout (Reality Show organizado pela Sony Music), além de possuir uma boa cartela de fãs nas redes sociais.
“Unbeatable” é o quarto CD da banda, e foi Lançado em novembro de 2013. O disco consolida o amadurecimento provocado pela maioridade sonora do grupo e surpreende aos desavisados quanto ao talento e a inventividade do grupo.
Calcado no Rock Clássico, com generosas salpicadas de Rock progressivo, Soft Rock e Southern rock, o disco abre com a estradeira “Down on The Road Ahead”, faixa com riffs marcantes que trafegam na linha do Creedence Clearwater Revival.
A força instrumental da banda é exibida ao longo de todo álbum, com variações estéticas que exploram as influências do grupo. Porém, em alguns momentos o grupo apresenta suas armas sem hesitar. Esse é o caso de “The Golden Chariot”, onde já no início da canção a banda dispara um solo de bateria e um Órgão Hammond fazendo toda a cama da canção, enquanto o baixo fala sozinho na sequência. A faixa parece saída diretamente dos anos 70, a partir de uma bem azeitada mistura de Rock básico com progressivo, ou ainda fruto de um improvável encontro dos Secos e Molhados com o Yes. Certamente uma das melhores faixas do disco.
A sonoridade setentista é o que mais encanta. O grupo passa por Raspberries no baladão “Until I Found You”, onde o vocal lembra o próprio Eric Carmen; Rush, na bem estruturada e emocionante “Promises”; e até Jethro Tull em “Time is Running”. Fora isso o grupo passeia ainda pelo pop em “She”, dá uma canja instrumental em “Brigde To Nowhere”, desce a mão na pesada “Lazarus’ Feet”, e encanta com “No Coming Back”, faixa repleta de belos arranjos vocais.
Ao fim deste belo trabalho, a banda encerra com “On The Judgment Day”, melhor faixa disco, que fecha o álbum em alto nível, em clima de ópera-Rock, mostrando que a banda não está para brincadeira, corroborando que não importa se um grupo vem do meio independente, pois se ele tem talento, ele pode surpreender.
Ainda que beba explicitamente das sonoridades que sustentaram os pilares do Rock em seu melhor momento, o grupo consegue, de forma talentosa e cirurgicamente precisa, entoar um Rock moderno, elegante e muito competente.