Por Anderson Nascimento
Com riffs bem definidos e muita disposição para o Rock a banda gaucha “Tubarão 75” abre o seu primeiro disco despejando o mais puro Rock and Roll destilado através de influências de suas mais variadas vertentes.
A forma simples como o “Tubarão 75” aborda o Rock é uma das maiores virtudes da banda. Para se ter uma ideia, cabe uma comparação com o som dos conterrâneos do “Cachorro Grande” e com a banda carioca “Autoramas”, a qual faixas como “O Som do Papel” e “O Concerto Acabou” faz lembrar.
Desde o nome até grande parte da pegada sonora da banda, nota-se uma explícita influência do “Hardão” dos anos setenta, a saber, riffs bem definidos, muita guitarra e vocal rasgado. Em outros momentos a banda também bebe do Rock alternativo da segunda metade dos anos sessenta, urdindo em um só caldeirão banda como “The Kinks” e “The Zombies”. A canção “Vamos Ficar Aqui” dá um belo exemplo disso ao juntar um refrão marcante com um som agitado e dançante.
A forma como as canções vão evoluindo ao longo de suas execuções, é outra característica da banda. Na segunda faixa do disco, “Caos e Loucura”, a banda constrói o Rock aos poucos e consegue atingir o ápice do caos, como a própria banda sabiamente cita na letra da música. Essa pegada pouco formatada agrega um diferencial ao som da banda, o que ocorre em outros momentos na sequência do álbum, caso da empolgante “Procura-se Eu”.
As distorções espalhadas pelo álbum remetem diretamente aos anos setenta, e alguns clichês são muito bem aproveitados pela banda, como ocorre várias vezes na bombada “Tinta Negra” ou ainda na boa “Os Invernos”.
Apesar de não ser exatamente uma balada, algo na verdade não explorado no disco, “Idas e Vindas”, desacelera um pouco o ritmo do álbum, e traz uma beleza melódica fantástica, conseguindo ser melancólica e pungente ao mesmo tempo.
Mas o melhor momento do álbum é “Olhar Negro”, música de letra inteligente e apelo roqueiro, inclusive adornada com belos riffs de guitarra e uma bela base que emula um pianinho a lá Jerry Lee Lewis, uma daquelas canções viciantes que certamente deve ser o grande momento das apresentações da banda.
A banda ainda passa por momentos dançantes que emulam ritmos dançantes como Funk e a Disco, e passeia pelo blues em “Todas as Manhãs”, canção que fecha o álbum deixando a impressão que a banda consegue divertir o ouvinte e se divertir ao mesmo tempo.
O disco de estreia do grupo gaucho é mais uma grata surpresa que aponta para uma cena forte e militante, tendo o Rock como grande finalidade. Se você estiver a fim de ouvir um Rock and Roll de verdade ouça a banda Tubarão 75!