Resenha do Cd Costa Do Marfim / Cachorro Grande

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COSTA DO MARFIM
CACHORRO GRANDE
2014

INDEPENDENTE
Por Valdir Junior

“Costa do Marfim“ é o mais novo álbum da banda Cachorro Grande, é também o álbum em que a banda se reinventa. Desde o álbum “Todos os Tempos” (2007) a banda vem flertando com uma sonoridade mais atual e com alguns elementos eletrônicos em uma ou outra faixa. Para esse novo trabalho a Cachorro Grande resolveu radicalizar de vez.

Gravado no Estúdio Madeira no começo de 2014, e contando com a produção e o talento para experimentar de Edu K (De Falla), a Cachorro Grande deixou de lado a sonoridade retro por onde é reconhecida, e mergulhou no som eletrônico de bandas como The Chemical Brothers, Prodigy, Kasabian entre outras. Com isso deu dois passos a frente para consolidar ainda mais uma discografia diversificada, não acomodada, e relevante.

Repleto de climas, viagens e sons alucinantes, “Costa do Marfim” remete um pouco à psicodelia do final da década de 1960 e inicio da de 1970, como os álbuns do Pink Floyd pós-saída de Syd Barret, e mais recentemente um pouco do que o Oasis fez nos seus últimos álbuns. O CD tem duas faixas incidentais e experimentais que abrem e fecham o CD (a faixa título “Costa do Marfim” e “Fizinhur”) que convidam e preparam o ouvinte a embarcar nessa nova viagem de sons da banda.

Um tabu quebrado com esse álbum foi a duração das músicas, no caso a faixa “Nós Vamos Fazer Você Se Ligar” que com os seus quase onze minutos, vai muito além dos três, quatro minutos usuais do padrão das rádios, isso deu mais liberdade para banda viajar no som e descobrir novas nuances e matizes para as músicas.

Bem experimental e muito boa é “Torpor Partes 2 & 5” uma viagem nonsense/psicodélica em que a voz do vocalista Beto Bruno foi modificada e chega a um timbre bem perto do ator Paulo Cesar Pereio, dando um clima de verdadeiro torpor a musica. “Nuvens de Fumaça” traz ainda um pouco do som conhecido da Cachorro, mas é azeitada com uma boa dose de eletrônica com destaque para a guitarra delirante de Marcelo Gross.

Numa auto referência e brincadeira interna da banda com o título do álbum solo do guitarrista Marcelo Gross, a faixa “Use o Assento Para Flutuar” é uma excelente e magnífica música cheia de beats, grooves e eletricidade, é um dos pontos altos do CD. As faixas “Crispian Mills” composta pelo baixista Rodolfo Krieger e “Eu Quis Jogar” cantada por Marcelo Gross, tem ambas uma vibe meio “Their Satanic Majesties Request” dos Stones com Kasabian.

A experiência de ouvir “Costa do Marfim” é bem interessante, no começo você estranha alguns sons e lances, mas na terceira vez em diante, você é tomado pela atmosfera eletrônica/psicodélica e acaba por ouvir muitas e muitas vezes o CD. Altamente recomendável, um dos melhores lançamentos nacionais do ano e já um dos clássicos álbuns da Cachorro Grande, banda que merece desde já um enorme parabéns por não se acomodar e pisar fundo no acelerador seguindo em frente, que a estrada é longa e eles ainda vão nos surpreender muito.

Resenha Publicada em 29/09/2014





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