Por Anderson Nascimento
Desde o longínquo ano de 1991 quando foi formada, a banda paulista Republica defende a ideia de promover suas qualidades e habilidades em busca de um som que a diferencie das demais. Com a sua missão ainda firme entre os dentes, o grupo está de volta com o seu terceiro disco de carreira.
E logo de início, a banda se mostra forte e até poderosa. A arrastada faixa de abertura “Time to play” exibe a conjunção perfeita entre peso, riffs e boa letra, o que se repete em boa parte do disco. Se a faixa de abertura é um Rock arrastado, a sequência se desenvolve de maneira diferente, ou seja, um Rock rápido com refrão marcante que dá o seu recado em três minutos.
A estética musical do grupo é elogiável, pois a banda se mostra muito acessível, provando que o Heavy Metal pode ser inteligível e marcante, sem apelar apenas para o peso, ou seja, o Republica revela um interessante e valoroso equilíbrio sobre tudo aquilo que buscamos em um som mais pesado.
“Life Goes On” é a prova disso, a música já circula em alta rotação nos programas de videoclipes da TV, além de fazer parte do dial das principais rádios de Rock do Brasil como a Kiss, 89 e Rádio Cidade. O sucesso não é à toa, já que a canção é um dos melhores números do Metal dos últimos anos. Isso sem falar do vídeo clipe, que exibe porcos que te remetem logicamente à “Revolução dos Bichos” de George Orwell.
“Change My Way” é outra faixa que se destaca por sua boa letra e por sua levada contagiante, que deveria ser enxergada pelo grupo como outro potencial hit, já que a mesma foi eleita pela revista Rolling Stone como a melhor música de Heavy Metal do ano de 2013.
Cascuda, a banda já participou da maioria dos festivais mais importantes do país, incluindo o Loolapalloza e Rock in Rio, ambos em 2013, e inclusive já abriu show para monstros do Rock como o Deep Purple, o que fez com que o grupo ficasse bastante conhecido no mercado musical do país.
Toda essa exposição em volta do nome do grupo fez com que as pessoas mais antenadas devotassem grande expectativa para o novo álbum da banda. Para comandar o desafio de não decepcionar essas pessoas, o grupo escalou Luis Paulo Serafim, produtor ganhador de três Grammys.
A produção do disco é realmente espetacular, e consegue dar vazão a toda a criatividade do grupo. Dessa forma, a banda surpreende ao construir faixas mais complexas como “Goodbye Asshole”, dividida em duas partes, uma mais devagar e a outra pesada, que conta com a participação do guitarrista Roy Z (Bruce Dickinson, Rob Halford), com quem eles dividiram o palco durante a apresentação do Rock in Rio.
Entre momentos em que a banda toma de assalto o ouvinte, como na explosiva e quase progressiva “The Land of The King”, a banda não deixa o mesmo recuperar o fôlego com a sequência final que inclui “Dark Road”, “Fuck Liars” – outra entre as grandes faixas do disco -, e “El Diablo”.
Gravado no estúdio Electra, que pertence ao próprio grupo, e masterizado nos Estados Unidos, com requintes de perfeição sonora, o trabalho de quase dois anos valeu a pena, pois temos aqui um compêndio com faixas fortes, interessantes e de qualidade, ratificando algo que o grupo sempre defendeu, ou seja, o Republica não é mesmo só mais uma banda, e sim um dos maiores nomes entre os grupos brasileiros atualidade no segmento.