Por Valdir Junior
“Direto do Fronte” é o oitavo Álbum lançado pela banda paulistana de hard rock Golpe de Estado, o primeiro desde a saída do vocalista Kiko Muller (o terceiro vocalista da banda) e de Paulo Zinner, baterista e um dos seus fundadores e que, com seu estilo único de tocar, se transformou nas das marcas registradas da banda desde seu início no começo dos anos 1980. No entanto essa saída de Paulo e Kiko acabou sendo o caminho para uma rejuvenescida tanto para a vitalidade da banda como também para o seu som.
Depois de um período de audição com vários “candidatos” às vagas, Hélcio Aguirra e Nelson Brito, respectivamente guitarrista e baixista da banda encontraram dois grandes músicos: Dino Linardi (voz) e Roby Pontes (bateria), com o sangue e o vigor necessários para colocar novamente o Golpe de Estado nos trilhos. Escolhas essas mais do que acertadas e precisas, tanto Dino quanto Roby tem estilos próprios que somaram ao som da banda uma característica nova, com um frescor jovial, atual, não deixando que o som do Golpe se tornasse uma cópia clichê de si mesmo.
Enquanto que o álbum anterior “Pra Poder” de 2004, era ao mesmo tempo um atestado e um certificado de que o Golpe ainda era relevante para o rock nacional, se mostrou um disco um tanto quanto cansado, apesar de possuir ótimas músicas e arranjos bem elaborados. Já “Direto do Fronte” é um álbum que remete, em termos de unidade e contexto, a uma comparação aos quatro primeiros álbuns da banda, com músicas com refrões marcantes, riffs emocionantes de guitarra,vocais sinceros e empolgantes, letras com temas bem mais próximos da realidade das grandes metrópoles e acima de tudo carisma e apelo emocional.
A Faixa que abre o CD, “Falo Que Não Faço”, apesar de “mal criada” é uma das que reflete bem o espírito do álbum, cheia de uma irreverência e de um não conformismo com o status atual vigente de por um lado ser politicamente correto versus uma rebeldia de fachada, a interpretação de Dino é um dos pontos altos dessa faixa. “Feira do Rato” com a guitarra de Hélcio praticamente ditando o ritmo da música junto da bateria de Roby, descreve bem nossa sociedade consumista, falsificada, mercantilista e tem um dos grande refrões e solos do CD.
O Blues “Um de Nós” é uma das grandes faixas do álbum, a letra como o símbolo taoista do Yin Yang, descreve os opostos que existem nas relações humanas e que no final se completam perfeitamente, o solo de Hélcio nessa música é uma perfeita catarse. “Onde Há Vida” é a balada do álbum, sincera, otimista, traz uma melodia simples e muito bem construída, se as rádios de rock desse Brasil acordarem, aqui elas vão encontrar um grande sucesso.
“Rockstar” é a música de trabalho do CD, com direito a vídeo rolando direto no You Tube, composta por Dino, tem a participação especial do Capital Inicial, Dinho Ouro-Preto nos vocais, Rock vibrante, perfeita para os shows onde o público pode como de praxe cantar junto com a banda até não aguentar mais. “Gente Pirata” segue na mesma linha de “Feira do Rato”, mas agora com outro víeis. “Fogo nos Olhos” fecha o CD com chave de ouro com mais uma paulada nos nossos ouvidos num desabafo questionando nossa lucidez nos dias atuais.
Produzido pela própria banda o CD “Direto do Fronte” é o álbum em que o Golpe de Estado mostra um novo caminho a percorrer olhando para frente sem se esquecer do passado em direção a um futuro, futuro esse que infelizmente é incerto devido a falecimento de Hélcio Aguirra no final de Janeiro de 2014 .“Direto do Fronte” é altamente indicado e não pode faltar na sua estante, Mp3 Player, IPod, Tablet e principalmente no seu coração roqueiro.