Em tão pouco tempo de duração, "Accelerate", décimo quarto álbum da consagrada banda de rock alternativo R.E.M., traz um formato ideal para levar o ouvinte a uma rápida viagem musical, ou mesmo uma rápida análise de suas músicas. Após muitos anos explorando uma sonoridade mais "madura e rebuscada", Peter Buck, Mike Mills, e o inconfundível vocalista Michael Stipe, acertam a mão em um retorno ao chamado "rock sem firulas".
São quase 35 minutos de duração neste novo álbum que, a depender das escolhas futuras dos integrantes do R.E.M., pode marcar o início de uma ótima fase para a banda. Mas, por que "ótima fase"? O ouvinte pode chegar a essa conclusão ao ouvir os competentes rocks do álbum, como a faixa de abertura "Living Well Is the Best Revenge", com sua temática deliciosamente ácida, e que não soa nem um pouco forçada, mesmo vindo de uma banda que esteve tão "baladeira" nos seus últimos álbuns.
A divertida "Man-Sized Wreath" é impactante e consideravelmente pesada para os padrões da banda, podendo ser eleita por muitos fãs como a melhor faixa do álbum. O single principal, "Supernatural Superserious", traz um certo ar indie rock, mas com uma qualidade musical claramente superior à de boa parte das novas bandas do gênero.
E dá-lhe mais rocks: "Accelerate", "Horse To Water" e "I'm Gonna DJ" levarão o ouvinte a uma quase incontrolável vontade de levantar da cadeira para dançar. Até mesmo as faixas "Hollow Man" e "Mr. Richards", de sonoridade e arranjos mais "light" e puxados para o pop/rock, conseguem ser bem fiéis à proposta mais elétrica do álbum.
Mas, "Accelerate" também mostra que as baladas semi-acústicas continuarão fazendo parte da essência da banda. "Until the Day Is Done" é inspirada, e definitivamente uma das melhores músicas do álbum. "Sing for the Submarine" é boa e prende o ouvinte com seu clima mais "sombrio". Já "Houston", em seu curtíssimo tempo de duração, não possui atrativos e acaba passando meio despercebida.
O fato é que "Accelerate" consegue ser, no mínimo, um álbum extremamente simpático, e que dificilmente causará qualquer desconforto no ouvinte, mesmo aquele mais casual. E qualquer apreciador daquela sonoridade descompromissada presente nos primeiros álbuns do R.E.M., certamente colocará este trabalho entre os melhores da banda.
Publicada originalmente no blog
Rock em Análise