Por Renan Nazzos
Posto nas lojas neste mês de maio, via Deck Disc, mais um disco de uma cantora e compositora romântica. Mais um?, dirão. E eu digo que, desta vez, é um relevante . Trata-se do terceiro título da discografia de Roberta Campos, Diário de um dia. E é ao longo de doze páginas ou faixas que Roberta escreve em tom confessional é um diário, afinal de contas suas canções de amor. Roberta preserva o romantismo que pontua sua obra desde a estreia, embora o repertório esteja sensivelmente menos adocicado. De seu antecessor, Varrendo a lua, lançado em 2010, Diário de um dia herdou também a produção competente de Rafael Ramos.
Para além das semelhanças com o anterior, Diário de um dia aponta para alguma evolução e amadurecimento. A primeira mudança, antes mesmo de falar da música, já está na própria capa do disco, onde não estampam mais ilustrações lúdicas de outrora, mas a foto da dona do diário. A sonoridade também se apresenta menos linear que antes. Ainda predominam o pop e folk, mas algumas canções ganham contornos de rock, blues e até um toque regional com a percussão de Marcos Suzano. As cordas arranjadas por Lincoln Olivetti e Otávio de Moraes também são sobressalentes em boa parte dos arranjos. Davi Morais (guitarra), Dunga (baixo), Humberto Barros (Fender Rhodes, Hammond e teclados), Christiaan Oyens (slide e bandolim) e Fabrizio Iori (teclados) completam a lista de músicos.
Outra opção acertada para o novo disco foi a seleção de músicas inéditas de outros compositores. As três canções recebidas aparecem no disco em perfeita sintonia com o universo musical de Roberta Campos. A primeira, Meu nome é saudade de você, é a balada tristonha feita por Paulinho Moska; Carne da boca, parceria de Roberto Frejat, Mauro Santa Cecilia e Guto Goffi, canção que, não por acaso, flerta com o pop rock; e um dos melhores momentos do disco, a solar Quem nos dera, de Leoni e Zélia Duncan. A propósito, talvez seja isso o que falte em alguns discos medianos de artistas que apostam todas as fichas em repertório próprio, às vezes de qualidade duvidosa. Um bom disco é feito de boas escolhas. Ponto para Roberta!
Em falando de material autoral, Roberta assina boas canções neste novo repertório. Soam menos inspiradas A sua volta e De você para mim, parcerias com Carolina Zocoli. Nas demais, Roberta aborda a leveza e a felicidade como em Pedaço do céu, Vida prática do tempo e na faixa-título; a ironia de E eu fico, ora resgatada de seu disco independepente lançado em 2008, Para aquelas perguntas tortas; e noutra página, a melancolia de Sete dias, feita em parceria com Danilo Oliveira, e onde Moska reaparece, ao violão. Sete dias, inclusive, já faz parte da trilha sonora da novela Amor Eterno Amor, em exibição pela Rede Globo.
Roberta chega ao seu terceiro disco com a mesma voz doce e canto suave com que conseguiu alcançar o mainstream e considerável projeção na cena musical. Em Diário de um dia, a mineira alcança o equilíbrio entre os acertos de antes e o desejo de renovação. Um bom momento momento na carreira de Roberta Campos, um bom momento para os lançamentos nacionais deste ano.