Por Anderson Nascimento
Bárbara Mendes ganhou projeção no Brasil com importantes aparições na TV, como o dueto feito em 2007, com Djavan, no programa global Som Brasil, e a participação em 2012 no programa The Voice, da mesma emissora.
Produzido por Victor Biglioni, “Orgânico” é o terceiro disco autoral da cantora, e traz 11 faixas que ajudam a traçar o perfil multifacetado da artista, que se sai bem em texturas que vão do Pop-Rock ao Jazz, passando por Tango e canção regional.
O instrumental é um destaque em todo o disco, “Respiração” a faixa de abertura, traz um show musical, principalmente pela bateria marcante e onipresente tocada por Roberto Alemão, além do acompanhamento pontual do violão de aço de Victor Biglione.
Bárbara, por sua vez, tem voz forte que passa longe do modismo voz-angelical que tem sido lugar-comum entre a geração de novas cantoras que têm aparecido por estas bandas. Repare que nem estou falando mal desse onipresente jeito de cantar, mas pelo contrário, estou destacando os caminhos adversos que, nesse caso, pode ser representado pelo timbre diferenciado da cantora Bárbara Mendes.
Barbara mostra diversas vertentes em suas interpretações, como na jazzística “Águas Más”, onde a cantora segue muito firme em sua forma de cantar. Já em “Degelo”, a cantora navega pelo Tango com a participação de Tito Marcelo que, inclusive, divide os vocais com ela. Em “Santa D’água” (excelente canção, talvez a melhor do disco!) há uma levada regional, onde se observa outra amostra da versatilidade da cantora.
Além de “Respiração”, merecem destaque também a tríade “Desértico”, que traz bela interpretação e levada instrumental, “ Escárnio”, faixa extremamente radiofônica, e “Raro e Comum”, as duas últimas são canções MPBísticas na melhor tradução da palavra.
Embora faltem mais canções vibrantes como a faixa de abertura, o disco é marcado pela pluralidade, mas consegue seguir uma consistente unidade.
Com 11 canções inéditas do compositor Tito Marcelo, “Orgânico” traz a cantora Barbara Mendes, dona de uma longa carreira internacional, de volta a um disco brasileiro após 10 anos. E a cantora o faz de maneira bela, emprestando a sua voz segura e precisa a essa respeitosa obra.