Por Anderson Nascimento
A pegada roqueira de “Lar”, faixa de abertura do oitavo disco do cantor Wado já dá provas que algo mudou em seu som desde o regular “Vazio Tropical” (2013), disco anterior produzido por Marcelo Camelo. Esse prognóstico já se confirma com a sequência “Cadafalso”, que agrega a presença de Lucas Silveira (Fresno), canção com batida forte e textura tensa.
Apesar da alma roqueira de seu disco, as canções são muito independentes nesse álbum, possuindo identidades bem particulares, como no caso da ótima “Deita”, que traz a participação de Samuel Uria e chega a lembrar Rock Britânico dos anos 1990.
A balada “Galo” (com Graciela Maria) remete às antigas canções de Wado, como a lendária (e belíssima) “Macaco Pavão” de seu clássico “Atlântico Negro” (2009) e ainda oferece uma das letras mais bacanas do repertório do Wado. Estas inspirações são o que o disco novo do artista tem de mais legal, faixas singelas como “Menino Velho” e a própria “Galo”, são de uma beleza incrível.
O disco está repleto de participações especiais, no caso de “Condensa”, por exemplo, participam Martin Torres, Belén Natalí e João Paulo Guimarães. Figuram ainda no álbum Gonzalo Deniz em “Mundo Hostil” e Marcelo Camelo em “Palavra Escondida”. Estas participações que urdem artistas brasileiros a portugueses, argentinos, uruguaios e alemães, expandem as fronteiras do disco e da própria música de Wado.
A veia alternativa, marca sempre forte nos discos do Wado, também continua viva neste disco, principalmente pela dobradinha composta por “Sombras” e a já citada “Palavra Escondida”. O disco encerra com a ótima “Um Lindo Dia de Sol”, canção com mensagem positivista, com alguma influência latina, por conta os sopros e de sua levada.
Com “1977” Wado volta a apresentar um grande disco, que certamente já figura entre os seus melhores trabalhos, e tem tudo para entrar na lista dos melhores álbuns de 2015.