Por Anderson Nascimento
A capa toda branca busca ser direta: “...amor é isso”. Obviamente o disco não poderia fugir daquilo que a sua capa e o seu título prometem, então é sobre isso que coerentemente o 31º álbum de Erasmo vai falar ao longo de suas doze faixas.
Repleto de participações especiais nas composições das canções, o novo disco de Erasmo Carlos estabelece novas e velhas parcerias, o disco traz um lápis, que sugere que cada um expresse a sua opinião própria sobre o que é o amor.
A balada “Convite Para Nascer de Novo” abre os trabalhos com letra biográfica e musicalmente distribui algum peso dando ares mais densos à canção. A bela faixa é um dos destaques do disco e reúne Erasmo com Marisa Monte e Dadi na composição.
Os conhecedores da obra de Erasmo vão reencontrar alguns lugares já visitados pelo artista em seus álbuns anteriores. Esse é o caso, por exemplo, de “Sol da Barra”, balada praiana tem ecos de trabalhos anteriores de Erasmo, mas que conta aqui com a acertada composição de Marcelo Camelo.
Erasmo também continua antenado e com o seu dom de brincar com as palavras. Em “Termos e Condições” o artista brinca com palavras do mundo da tecnologia que preenchem o nosso cotidiano, apontando para um mundo futurista-retrô encabeçado pela família Jetsons. Detalhe para o belo arranjo da canção que conta com participação de Emicida em rap no fim da canção.
O mesmo coração que recebeu a nova namorada e um marca-passo recentemente é o responsável pelo transbordar de amor que preenche as canções ao longo do disco, mesmo quando a canção não é de sua autoria, Erasmo exala esse precioso sentimento, como o faz em “Minha Âncora”, composição feita por Nando Reis para o disco, adornada por cordas, coro e arranjo, ora setentista, por cima de um refrão simples e delicioso de cantar.
Embora as baladas deem a tônica do álbum, em alguns momentos, há canções que passeiam por outras pegadas, como o Pop/Rock da belíssima “Novo Sentido”, que junta Erasmo a Samuel Rosa na composição, ou o Folk da faixa título “Amor é Isso”.
O álbum mantém a qualidade musical até o fim, apresentando alguns de seus destaques já no finzinho do disco com a suingada “Acareação Existencial (Vem Vida Minha)” faixa que vai crescendo ao longo da sua execução, e que é uma das melhores do disco. Nesse quesito cabe destacar também o single “Não Existe Saudade no Cosmos” e a faixa que encerra o disco “Pagar Pra Viver”, canção que traz cordas, e aquelas típicas expressões de Erasmo Carlos: “É tanto amor que eu deveria pagar para viver”.
A banda formada por Bruno Di Lullo (baixo), Carlos Trilha (piano e sintetizadores), Dadi Carvalho (baixo), Guilherme Monteiro (guitarra e violão), Luiz Lopez (violão de aço e vocais) e Pedro Dias (vocais), é mais um destaque do álbum, assim como a produção de Pupilo (batera da Nação Zumbi) que mostra que Erasmo está sempre buscando novas ideias e rumos para seus discos e canções.
Aos 76 anos Erasmo Carlos, ainda em franca produção autoral, nos dá o privilégio de ouvir seu novo conjunto de canções, mais uma vez com caracterização conceitual, só que agora com o tema amor protagonizando sozinho.