Por Anderson Nascimento
O sétimo disco da banda paulista Lestics, “Torto”, é também o disco mais distinto dentro da discografia da banda. Neste novo trabalho o grupo resolveu realizar um disco cru e de orientação roqueira.
O grupo é reconhecidamente dono de alguns dos trabalhos mais interessantes da cena independente brasileira. Na labuta há dez anos, o grupo tem uma forma diferente de se expressar, na maioria das vezes de maneira poética e singular.
Como afirma o release do grupo, muita coisa mudou desde o lançamento de seu primeiro disco “Sonhos”, lançado em 2007. A realidade agora é mais dura e, como afirma o grupo no release de seu disco, desconfortável, conflituosa e truculenta.
Instrumentalmente o disco está bem básico, focado na tríade baixo, bateria e guitarra, fazendo com que a sonoridade de “Torto” fosse mais centrada no Rock básico. O próprio play inicial assusta o ouvinte regular da banda, já que quando a faixa título começa a tocar, somos atingidos em cheio por uma forte pegada de Rock-seco, diferente de tudo o que já ouvimos da banda.
Ainda assim o grupo se permite incrementar a linha-base do disco na ótima “O Esquimó”, faixa que que agrega viola, violoncelo e violino, tocados respectivamente pelos convidados Bruno de Luna, Leandro Tenório e Pedro Gabeth.
Entre os outros destaques estão “Estrela da Manhã”, canção de bela letra untada por um charmoso instrumental oitentista. Outra grande canção é “A Matilha”, uma das melhores do álbum, que traz ecos de Rock clássico sob seus riffs.
O disco é ríspido em suas temáticas, duro e, em boa parte das vezes, desesperançoso, como atesta e canta o vocalista Olavo Rocha em “Cálculo e Manobra”. Dentre as variações roqueiras do disco há “Cilada”, canção que se destaca por seu instrumental longo e viajante, responsável por finalizar o disco.
O número nove, místico e enigmático para muitas pessoas, tem um significado especial neste álbum. O disco possui nove canções, todas compostas no estúdio ao longo de nove ensaios e, posteriormente, gravadas ao vivo neste mesmo estúdio.
Formada atualmente por Caio Monfort (guitarra), Marcelo Patu (baixo), Rodrigo Saldanha (bateria) e Olavo Rocha (voz), a banda chega aos dez anos de carreira apresentando mais um trabalho relevante, que nos ajuda a entender o porquê a cena alternativa pode ser tão apaixonante.