Por Tiago Meneses
"Foxtrot" é sem dúvida alguma um dos 10 melhores álbuns de rock progressivo de todos os tempos. Uma das bíblias sagradas do gênero e que deve ser conhecida por qualquer um que queira mergulhar de fato dentro desse universo.
O álbum abre com a faixa, "Watcher of the Skies". Logo de cara a banda vai agraciando o ouvinte com um poder majestoso do melotron de Tony Banks, seguido por um órgão ao melhor estilo igreja que vai servindo como uma cama a ser deitada pelos tambores de Collins que vai subindo o tom trazendo consigo os primeiros acordes do baixo de Rutherford. A guitarra elétrica de Steve Hackett sempre soando de maneira inimitável, acrescenta os elementos basicamente essenciais da canção. Peter Gabriel aborda apaixonadamente um Deus obsoleto cuja a criação humana o ultrapassou e não precisa mais dele.
A segunda faixa é "Table Time", oferece um excelente piano de Banks, letras verdadeiramente poéticas e se cadencia como uma espécie de interlúdio em relação ao "mini épico" que vem em seguida através de "Get 'Em Out by Friday". Essa trata-se de uma mini "opera prog", um verdadeiro exemplo do porquê do Genesis se tratar de um dos suprassumos em relação ao gênero e ainda hoje influencia infinitas bandas da vertente sinfônica que vão surgindo. Gabriel encarna mais de um papel pra contar um conto de um futuro orwelliano sombrio onde um governo todo poderoso controla todos os aspectos em que seus cidadãos vive. Tudo isso sobre uma peça instrumental que é um deleite aos ouvidos.
Provavelmente a faixa mais esquecida entre até mesmo os amantes de "Foxtrot" trata-se da belíssima, "Can-Utility and the Coastliners". A letra conta a história do rei medieval Inglês Canuto, que, a lenda diz, tentou comandar as marés, só para aprender os limites de seu poder terreno, e a loucura de seu orgulho. É impressionante como que em pouco menos de 6 minutos uma música consegue mudar de maneira tão suave e frequente tantas vezes a sua forma. Exímios trabalhos de guitarra e teclado, bateria e baixo em um casamento soberbo. Uma canção de atmosfera fantástica. O que vem em seguida através de "Horizons" pode ser visto somente como uma pequena ponta de menos de 2 minutos antes do épico que irá fechar o álbum, mas ainda assim não tem como passar despercebida a atmosfera criada pelo bom gosto das notas da guitarra de Steve Hackett.
"Supper's Ready" marca o ponto final de "Foxtrot". Considerada a melhor faixa da banda por pelo menos 7 em cada 10 fãs do grupo. Inclusive me coloco nesse meio. Esse épico de 23 minutos traz letras inteligentes e desafiadoras, todos os músicos executando suas funções de maneira inspiradora nunca vistas antes e nos fazendo viajar por emoções variadas por cada um dos capítulos da faixa. Falar de "Supper's Ready" me renderia um texto de dimensões mega, mas aos que se interessem em cair de cabeça em uma das maiores obras primas musicais contemporâneas já compostas, sem dúvida algum, esse é um dos mais belos caminhos.
"Foxtrot" é um daqueles discos que provam o porquê do Genesis (que muitos só conhecem da fase dos anos 80) ser uma das bandas mais influentes da história do rock progressivo sinfônico e não parar de servir de inspiração pra infinitas bandas que surgem todos os anos.