Por Anderson Nascimento
É impressionante como alguns artistas como Sting e Robert Plant tentam se desvencilhar o tempo todo da sonoridade que originalmente os tornou conhecido. No caso do ex-Police, sua música virou algo próximo ao Jazz, já o ex-Zeppelin pisa em terreno com cheiro de barro americano, buscando em suas raízes um som que o afaste do estilo que o consagrou.
Isso prova que esse tipo de artista prefere deixar o saudosismo de lado, apostando em um estilo musical que faça sentido pra ele. Se isso é bom ou não, depende do ponto de vista.
No caso de Plant, seus últimos discos vêm agradando de uma forma geral. O álbum “Raising Sand” de 2007, gravado com a cantora Alicia Krauss, por exemplo, vendeu mais de um milhão de cópias, em tempos atuais há de se convir que isso é um fenômeno! Além de ganhar o honroso título de álbum do ano.
Este “Band of Joy” é feito de altos e baixos, passando novamente longe da sombra do Rock do Led Zeppelin, e insistindo em um som caipira americano, só que dessa vez trazendo também pegadas que remetem à sua fase pré-Zeppelin. Inclusive o nome do álbum faz alusão à sua banda anterior, que continha também o batera John Bonham.
A produção do álbum é capitaneada por Buddy Miller, macaco velho de Nashville que dá ao instrumental do álbum um pouco dessa atmosfera, que habilita o disco a galgar um bom lugar na discografia de Plant.
Entre os pontos altos estão “Angel Dance”, cover do grupo mexicano “Los Lobos”, o belíssimo soul “House of Cards” e “Harm´s Swift Way”, que fecha o disco lembrando em alguma coisa o álbum anterior. Menção honrosa também para o rockabilly “You Cant Buy My Love”, música mais agitada do disco, que figura entre as melhores canções do álbum.
Momentos de beleza extraordinária como na cover “Falling in Love Again”, ou ainda na minimalista “The Only Sound That Matters”, dão provas de que o cantor está em boa fase vocal, refutando clichês que inundam as resenhas por aí.
Do outro lado da balança estão canções um pouco menos ricas como as morosas “Cindy, Ill Mary You Someday”, “Monkey” e a morna “Silver Rider”.
No fim das contas o saldo é positivo e vai agradar a todos que queiram ouvir um disco com bons momentos pilotados pela lenda chamada Robert Plant.