Por Anderson Nascimento
O sambista paulista Gilson de Souza iniciou a sua carreira nos anos 70, primeiramente como compositor, e depois como cantor de seus próprios Sambas, até que foi contratado pela gravadora ”Tapecar”, em 1975, onde lançou esse disco, do sucesso ”Pôxa”, que dá nome ao álbum, além de mais dois compactos pela mesma gravadora.
Nesse álbum Gilson desfila doze sambas, onde sete são de sua autoria, mostrando um repertório muito bem concebido, provido de composições de profunda inspiração, como a faixa título, que chegou a lhe render o “Troféu Imprensa” de revelação do ano e melhor música.
É interessante ouvir em ótima qualidade de som sua a interpretação para um dos seus maiores sucessos. Em “Poxa” temos a gravação original da canção que ganhou várias versões (mais de 50, segundo o compositor) de 1975 pra cá, sendo a última, feita por Zeca Pagodinho em seu mais recente trabalho “Vida da Minha Vida”.
Outro êxito desse disco é a canção “Dor de Poeta”, que Gilson interpreta de forma peculiar, com um vocal que justifica a letra da canção. É curioso também ouvir “O Incomodado É Quem Se Muda”, que realça e firma com maestria o velho ditado citado na canção.
Outro fato relevante do álbum é verificar como o cantor viaja por entre as várias vertentes do Samba. “Canção Pra Quem Vem”, foge um pouco do Samba e declina-se para a MPB que era feita na época, com ares de épico, a música mostra a versatilidade do artista. Falando em épico, outra canção que se destaca pela riqueza instrumental é a canção “É manhã, que encerra o disco original, e dá tons clássicos ao álbum.
Já em “Se o amor for coisa certa”, Gilson já envereda para o samba mais de raiz, assim como em “Eh Tata Eh”, na qual o compositor alinha o forte sincretismo religioso com o Samba popular.
"Quem é de Samba Chora”, é outra canção que representa o incrível talento do compositor Gilson de Souza, que aqui retrata com melancolia o fim do carnaval. Já em “Ilusão Colorida”, a temática carnaval volta com a alegria estufada nas letras da composição, produzindo um resultado fantástico.
Das dezesseis canções incluídas nessa versão em CD de “Pôxa”, apenas três não são composições de Gilson, entre elas estão a bela e romântica “Só Deus Sabe” de Adylson Godoy e Antônio Queiroz, e a metafórica “Gavião Calçudo” do mestre Pixinguinha.
Essa, que é a primeira reedição em CD desse raro álbum, dá vida também a dois compactos, lançados em 1976 e 1977 pelo artista, adicionando mais quatro músicas ao disco original. Entre elas está “Oi”, bela canção que faz jus ao lado A que ocupa no compacto lançado em 1977.
Mais uma vez a Discobertas põe em catálogo de forma irrepreensível um disco há anos fora de catálogo e para deleite de muitos que estão à caça desse belo e raro trabalho. Com edição caprichada, rica em informações e com preciosos bônus, o CD é peça indispensável na coleção de qualquer um que aprecie a rica música popular brasileira.