Por Anderson Nascimento
Um dos trabalhos mais marcantes deste ano de 2023 é, sem dúvida, “Alto da Montanha”, disco que une Russo Passapusso e a dupla Antonio Carlos & Jocafi, colocando lado a lado o fã com os seus ídolos.
O baiano Russo Passapusso é integrante da banda Baiana System, célebre por álbuns como “o Futuro Não Demora”, que ganhou o prêmio de melhor álbum de rock ou música alternativa em língua portuguesa, no Grammy Latino de 2019. Do outro lado, a dupla Antonio Carlos & Jocafi dispensa apresentações, são donos de vários clássicos da MPB dos anos 1970.
Alto da Montanha brilha ao alinhar o DNA musical de cada artista envolvido, o que faz do álbum uma verdadeira pérola de nosso cancioneiro. Estão lá as onomatopeias de Antonio Carlos & Jocafi, suas vocalizações e ritmos, assim como a voz marcante de Passapusso. O disco também rende homenagens à própria MPB ao citar incidentamente uma série de cânticos enraizados no inconsciente coletivo.
O disco tem essa coisa de LP, com lado A e lado B, aliás, cabe destacar a versão lindíssima lançada neste ano pela gravadora/editora Três Selos, com encarte generoso, pôster e capa que destaca um lindíssimo trabalho gráfico.
Sobre essa coisa de lado A e lado B, vemos o lado A trazendo uma série de canções mais ritimicas, daquelas que vão fazer você dançar, mesmo que involuntariamente. Enquanto o lado B apresenta canções mais sensíveis, mais líricas.
São muitos destaques ao longo do disco, é até uma heresia não falar de algumas faixas, mas vale destacar canções como o rockão “Tapa”, “Mirê Mirê”, que tem a participação singela e elegante de Gilberto Gil, e “Vapor de Cachoeira”, setentona até o talo!
Com 11 músicas inéditas, além de uma vinheta e uma única regravação - “Catende”, gravada originalmente por Vinícius de Moares, Alto da Montanha é um trabalho que não só merece ser ouvido com atenção, mas merece também ser o seu parceiro para aqueles momentos de puro deleite musical.