Por Anderson Nascimento
Já na abertura de seu álbum de estréia, o cantor carioca Zuza Zapata dá pistas de que não será fácil classificá-lo em somente um estilo musical. Uma vinheta auto-intitulada “Abertura” abre as portas do álbum com um mini-samba apontando talvez mais claramente para esse lado.
Porém, meio que contrastando com isso, a música que segue, “Amor do Morro”, rasga-se em uma guitarra tenra, que ora divide a canção e ao mesmo tempo serve de pano de fundo para um bonito coral. A canção cita uma tal de Maria, talvez uma neta da Maria, também do morro, cantada por Roberto Carlos em “Maria Carnaval e Cinzas”, só que na versão moderna de Zuza, a personagem da história é, digamos, mais “saidinha”.
E o álbum de Zuza é assim, surpreendente. Impressiona pela qualidade da gravação do CD, da riqueza instrumental e de suas belas letras. As canções passeiam por várias vertentes da MPB, em alguns momentos apostando em algo mais tradicional como em “Azul Ameno” e em outros, lembrando a poesia pueril dos Tribalistas como na canção “Estante do Zé”. O artista também se sai muito bem quando aposta em algo mais original e minimalista como em “Ipanema Radioativa”. Falando em originalidade, em “Ista”, um sambinha mais agitado, o próprio Zuza exalta as pessoas e coisas fora de foco, em uma das melhores canções do álbum.
Entre outros momentos também inspirados, Zuza apresenta “Carnaval de Luto”, um samba jovem que lembra o trabalho feito por sambistas da nova geração como Moyseis Marques e em “Menino Engravatado”, outro belo momento, a guitarra volta a falar no disco, corroborando a pluralidade do álbum.
O disco homômino de Zuza Zapata é um belo álbum de estréia, que merece ser ouvido e degustado pelos apreciadores da música tipicamente brasileira. Quem quiser conferir, o disco pode ser adquirido pela Internet na Livraria Cultura, através deste Link.