Por Thais Sechetin
Em Future Past, o novo trabalho do Duran Duran, a banda mescla passado e futuro não apenas no nome e na arte da capa. Ao lançar o single “Anniversary”, John Taylor (baixo), explica que a música é uma comemoração aos 40 anos do lançamento do primeiro disco, e que também pode ser qualquer tipo de comemoração. Porém, o Duran Duran não se restringiu vivendo apenas o saudosismo e mesclou as músicas pop dançantes que remetem ao passado, com outras que carregam forte pegada de música eletrônica contemporânea.
O moderno e o clássico também se unem nas participações que são o coração do disco: o álbum conta com a produção dos jovens DJs Mark Ronson e Erol Alkan e do considerado “O Pai da Disco”, Giorgio Moroder. Outro casamento bem sucedido entre o antigo e o moderno se faz nas participações especiais das meninas japonesas da banda CHAI, de Ivorian Doll, uma rapper inglesa, da cantora sueca Tove Lo e dos experientes Grahan Coxon (guitarrista do Blur) e do pianista Mike Garson, que já trabalhou com Bowie, Nine Inch Nails e Smashing Pumpkins.
Os resultados dessa mescla de gerações foram faixas de pegada cem por cento eletrônicas como “Give It All Up”, moderníssima, e “Invisible”, uma música que pode muito bem ser confundida com algum B-side do álbum Rio.
Future Past carrega dualidades que vão além dos toques musicais de diferentes gerações. É um trabalho que pode ser dividido entre músicas mais suaves, como “All Of You” e faixas bem explosivas e dançantes como “Give It All Up”, que é pura música eletrônica, com instrumental Lo-Fi e vocais de Tove Lo, que é uma boa referência de Electropop na atualidade.
Outro exemplo das polaridades do disco são composições que nos convidam a celebrar, como acontece no single “Anniversary”, e a divertida já no nome “More Joy!”, porém Future Past também é um álbum emocionante e profundo. E olha que essas são palavras do próprio John Taylor! Mesmo sabendo que as gravações do disco começaram em 2018, a profundidade de algumas letras que falam sobre crises emocionais se encaixam com o período pelo qual todos passamos com a pandemia e o isolamento, portanto não podemos deixar de traçar esse paralelo.
E embora Future Past conte com muitas músicas com ritmo pop e eletrônico, as músicas que mais gostei do álbum são as baladas que contém uma profundidade também dualista: No refrão das músicas “Future Past” e “Wing, o vocal de Simon Le Bon cria um arranjo perfeito com os demais instrumentos (principalmente o teclado), que nos leva do recolhimento à euforia em questão de segundos. Particularmente, essas duas músicas já valem o disco. Podemos agrupar na lista de comparações as produções dance/eletrônicas repletas de efeitos sonoros do produtor Giorgio Moroder nas músicas “Beautiful Lies” e “Tonight United”, com a obscuridade contida em “Nothing Less”.
Outros destaques, outras músicas favoritas, que embora sejam diferentes em ritmo, tenham em comum a versatilidade do Duran Duran, são: a descolada “Hammerhead”, que conta com as rimas da jovem e revelação, a rapper inglesa Ivorian Doll, e “Falling”, música que ressalta a experiência de Mike Garson no piano e encerra o disco lindamente.