Resenha do Cd Ainda Que De Ouro E Metais / Jude

AINDA QUE DE OURO E METAIS  title=

AINDA QUE DE OURO E METAIS
JUDE
2016

CROOKED TREE RECORDS
Por Anderson Nascimento

Os fãs do Rock brasileiro dos anos 1970 não podem se furtar em conhecer “Ainda Que de Ouro e Metais”, álbum que me foi apresentado na primeira semana de 2017. Trata-se do disco de estreia da banda alagoana Jude, um álbum inteiramente influenciado pelo som lisérgico praticado há mais de quarenta anos atrás.

Formada por Reuel Albuquerque, Fernando Brasileiro e Alexander Campos, o grupo se sai muito bem ao reproduzir a sonoridade da época, além de introduzir efeitos sonoros acachapantes e coordenar os arranjos vocais de maneira fabulosa.

A faixa de abertura, que dá nome ao disco, já entrega logo de início qual é o propósito do grupo, em canção que lembra muito o seminal som da banda Mutantes. Uma das mais notórias características do grupo é conseguir abranger uma boa gama de texturas, desde o psicodelismo e tropicalismo, até o Rock MPBístico de grupos brasileiros da década de 1970. Então é fácil perceber as influências de grupos como Mutantes, Ave Sangria, Secos e Molhados e O Terço.

Um exemplo disso é a diferença temporal entre a faixa título do disco e a segunda música, o Rock “De Uma Vez Só”, que apesar de serem conceitualmente próximas, possuem um salto de influência que vai de 1968 (álbum de estreia dos Mutantes) para 1975 (As Criaturas da Noite, terceiro d’O Terço).

É claro que você vai identificar muito de clássicas bandas gringas - que na verdade deram início a quase tudo dentro desse estilo musical -, você identifica Beatles no instrumental de “Vá Ser Feliz Com Arnaldo Baptista”, boa canção que cita o eterno mutante. Há uma guitarra a lá The Byrds pontuando “Gigante de Aço”, algo de Terreno Baldio em “Doçura Ou Incrédula” e Sá, Rodrix e Guarabyra em “Menina das Sombras”.

Entre diversos momentos interessantes, sobe-se a sobrancelha na perfeita “Monte Azul”, canção de boquiabertante simplicidade. O grupo se sai bem também nas composições, todas bastante originais. Em disco oxigenado por referências diversas, posso jurar, inclusive, que ouvi Roberto Carlos em “Não Me Desculpe” e George Harrison na guitarra de “Envelhecer de Novo”, que fecha o disco.

Com um histórico interessante de grupos psicodélicos, o estado de Alagoas, que já revelou grupos como o surpreendente Mopho nos anos 2000, e mais recentemente a banda Necro, acaba de colecionar mais um nome em seu panteão: Jude.

Produzido pela banda e com participações especiais de João Paulo (Mopho), e Pedro Ivo (Necro), o disco, lançado no apagar das luzes de 2016, deverá ganhar formato físico em breve, mas por enquanto pode ser ouvido no Youtube e nas plataformas de streaming como Spotify e Deezer. Não deixem de ouvir!

Resenha Publicada em 17/01/2017





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